Pré-natal Psicológico: Carta aberta

Escola da Parentalidade

Nós, da Escola de Profissionais da Parentalidade – EPP, recentemente, começamos a divulgar um novo curso de Pré-natal Psicológico na Prática que estamos preparando para os profissionais da parentalidade, em especial, os psicólogos.

Trata-se do curso amplamente pedido por nosso público em função da Alessandra Arrais, sócia-diretora da EPP. Alessandra é uma das poucas referências quando se fala sobre a temática.

No entanto, houve um equívoco em nossa comunicação e precisamos reparar isso. Quando nos pediram pelo curso de Pré-natal Psicológico, sabemos que estavam se referindo ao modelo instituído e validado por Alessandra Arrais, em seus estudos de doutorado e pós-doutorado.

Esse modelo foi amplamente difundido em vários artigos e revistas científicas (nacionais e internacionais). Portanto, é um material de fácil acesso para aqueles que desejam saber mais sobre o assunto.

Sendo assim, em nossa comunicação ao longo das últimas semanas, sempre reforçarmos que a Alessandra Arrais foi a idealizadora do Pré-natal Psicológico. Especificamente no que tange àquele modelo já conhecido. Do mesmo modo, continuamos reforçando isso, porém precisamos esclarecer que Alessandra Arrais não foi a primeira pessoa a usar essa terminologia: Pré-natal Psicológico.

Assim também, em recente estudo, identificamos que outras pessoas já haviam usado o termo.  Embora não o tenham feito para referenciar a mesma metodologia formulada e validada por Arrais, desde o ano de 2005.

Livro sobre Pré-natal Psicológico

Ao percebermos nossa falha de comunicação, buscamos as referências mais antigas a respeito do termo e encontramos. São referências do livro Recursos de relacionamento para profissionais de saúde, de Maria Tereza Maldonado e Paulo Canella, 1980, o seguinte trecho:

“No entanto, na prática, nem sempre é possível utilizar este modelo. Com gestantes, sabemos que o pré-natal psicológico ainda está pouco difundido e, por isso, não é fácil juntar um número mínimo de pessoas para compor um grupo fechado; em hospitais públicos, a população carente não dispõe de dinheiro para a passagem de ônibus uma vez por semana, ou até mesmo a cada quinze dias; além disso, há as mulheres que trabalham fora e seus patrões não concordam em  dispensá-las uma manhã por semana. Nestas circunstâncias, há que recorrer ao modelo de grupo aberto ou até mesmo (se as condições de trabalho forem ainda mais precárias) ao modelo de grupo de sala de espera.”

“Outro problema é que a mentalidade preventiva ainda está pouco difundida. Poucos acreditam que o pré-natal psicológico seja útil também nos casos em que a gestação esteja evoluindo bem, com pouca ansiedade: é muito comum surgirem encaminhamentos dos casos mais complicados, para os quais o grupo preventivo não é suficiente.”

Sendo assim, notamos que ao longo dos últimos 38 anos evoluiu-se pouco em termos de trabalho preventivo na psicologia. Mas muito em compreender que tanto gestantes de baixo, como as de alto risco se beneficiam de trabalhos como o pré-natal psicológico.

Boas Referências

Encontramos também referência à Psicologa Fátima Bortoletti. Ela criou em 1984, segundo seu currículo lates, um Pré-natal Psicológico dentro de um Protocolo de Assistência Psicológica. Infelizmente, não encontramos este material em nossas pesquisas.

Posteriormente, a psicóloga Magda Spinello Consul da Silva, no livro Abordagem Multiprofissional em Medicina Fetal, de 1996, também usou o termo. Ela descreveu como a psicoprofilaxia de casais durante o ciclo gravídico puerperal.

Em 2005, Alessandra Arrais começa a publicar sobre a temática e, desde então, outros textos também foram publicados, em especial os seus.  São eles,  “ Psicoprofilaxia do Ciclo Gravídico-Puerperal”, no livro “Psicologia na Prática Obstétrica – Uma Abordagem Interdisciplinar”  de 2007 e no livro “Obstetrícia” de 2011.

Porém, é importante ressaltar que o modelo escrito por Fátima Bortoletti e até mesmo por Magda Silva, são diferentes do instituído e validado por Alessandra Arrais em seus estudos. Por isso, elaboramos um quadro comparativo entre os dois modelos, para que fique claro que a terminologia usada é a mesma, porém para técnicas diferentes:

Assim, sabendo da importância em referenciar e indicar os autores e profissionais cujas obras nos servem de base de pesquisa para a construção de nossa metodologia, é que vimos abertamente prestar tais esclarecimentos.

Estudar sempre

Portanto, reforçarmos que, continuamos empenhadas em aprender, nos aperfeiçoar e estudar o PNP, o ciclo gravídico-puerperal, as questões subjetivas e complexidades sociais nesse ciclo.
Recomendamos que vocês também estudem todos os autores citados aqui nesta carta aberta, as referências estarão ao fim do texto. Mas também continuem aprendendo e colocando em prática o modelo construído por Alessandra Arrais ou, eventualmente, outros que entenderem mais adequado a determinado caso.

Logo, deixamos claro que o curso Pré-natal Psicológico na Prática é totalmente baseado nos estudos desta psicóloga, Alessandra Arrais. Há 13 anos ela vem se dedicando na multiplicação deste conteúdo.
A pesquisa técnica que levou às conclusões acima mencionadas, somadas ao parecer jurídico obtido junto à nossa assessoria externa, nos leva a concluir que jamais Alessandra ou EPP contrariaram o direito autoral de qualquer profissional.
Desta forma, permanecemos abertos e à disposição para quaisquer outros esclarecimentos que se fizerem necessários.

Continuem contando com a EPP.

Com carinho.

Alessandra, Bianca e Luciana.

Referência Bibliográfica

ARRAIS, Alessandra da Rocha  e  ARAUJO, Tereza Cristina Cavalcanti Ferreira de. Pré-Natal Psicológico: perspectivas para atuação do psicólogo em Saúde Materna no Brasil. Rev. SBPH[online]. 2016, vol.19, n.1, pp. 103-116. ISSN 1516-0858.

ARRAIS, A. R., Cabral, D. S. R., & Martins, M. H. F. (2012). Grupo de pré-natal psicológico: Avaliação de programa de intervenção junto a gestantes. Encontro: Revista de Psicologia, 15(22), 53-76. [ Links ]

ARRAIS, A. R., Mourão, M. A., & Fragalle, B. (2013). O pré-natal psicológico como programa de prevenção à depressão pós-parto. Revista Saúde e Sociedade, 22(3), 251-264. [ Links ]

BORTOLETTI, F. F. ; Psicoprofilaxia no Ciclo Gravídico Puerperal. In: Bortoletti, F.F.. (Org.). Psicologia na Prática Obstétrica – Uma Abordagem Interdisciplinar. 1aed.São Paulo: Editora Manole, 2007, v. 1, p. 37-46.

BORTOLETTI, F. F.: Psicoprofilaxia no Ciclo Gravídico Puerperal. In: Moron AF, Camano L., Kulay Junior L. (Org.). Obstetrícia. 1aed.São Paulo: Editora Manole, 2011, p. 185-194.

BORTOLETTI, F. F.: Assistência Psicológica no ciclo gravídico puerperal. In: Briquete R. (Org.). Obstetrícia Normal. São Paulo: Editora Manole, 2010, p. 263-278.

MALDONADO, MT e CANELLA, P. Recursos de relacionamento para profissionais de saúde, Ed. Novo Conceito, São Paulo, 2009. Revisão do livro de 1980.

Silva, M.S.C. Psicoprofilaxia em gestações de fetos inviáveis: atuação psicológica. In: Moron AF, Cha SC, Isfer EV, editores. Abordagem multiprofissional em medicina fetal. São Paulo: Escritório Editorial, Sobramef; 1996. p. 157-182.

Related Posts