Como muitos dizem, a família também adoece quando algum membro está acamado. Passar pela situação de ver um ente querido seriamente doente faz com que a família fique sensível. Por isso, é papel dos profissionais da saúde mediar os conflitos da família do seu paciente.
Conflito pode ser definido como oposição de interesses, ideias e sentimentos. Ou seja, o conflito nada mais é que o desentendimento entre duas ou mais pessoas sobre determinado assunto.
Uma vez que a família se vê diante de uma situação tensa, em que um dos membros que a compõe está doente, é normal que os sentimentos fiquem a flor da pele. Assim, cabe ao profissional da saúde dirimir esses conflitos, a fim de tornar o momento mais leve e fácil de ser superado.
A Society of Critical Care Medicine, em 2001, publicou uma série de necessidades que a família do paciente tem ao vê-lo acamado. São elas:
• Estar próximo ao paciente;
• sentir-se útil para o paciente;
• ter ciência das modificações do quadro clínico;
• compreender o que está sendo feito no cuidado e porque;
• ter garantias do controle do sofrimento e da dor;
• estar seguro de que a decisão quanto a limitação do tratamento curativo foi apropriada;
• poder expressar os seus sentimentos e angústias;
• ser confortado e consolado;
• encontrar um significado para a morte do paciente.
O estudo acima foi realizado com pacientes terminais. Contudo, as necessidades acima citadas podem ser aplicadas a todos os casos em que um ente querido adoece.
Cuidando da família do paciente
Pensando nas necessidades publicadas pela Society of Critical Care Medicine, podemos tirar alguns ensinamentos e ferramentas para lidar com a família do paciente.
Acompanhamento
O direito a acompanhante é um direito de alguns pacientes. A Portaria nº 1820 de 2009 prevê “o direito a acompanhamento, nos casos de internação previstos em lei, assim como naqueles em que a autonomia da pessoa estiver comprometida”.
Desta forma, o profissional da saúde deve observar o direito do paciente e permitir seu acompanhamento por algum familiar ou ente querido.
Incluir o familiar nos cuidados
Muitos familiares querem se sentir úteis e ajudar o paciente no que puder. Por isso, incluir o familiar nos cuidados pode fazer com que ele se sinta parte e também que todas as medidas possíveis foram tomadas para que o paciente melhorasse.
A inclusão pode ser sútil, em algo que, logicamente, não coloca em risco o tratamento ou mesmo o familiar e o profissional da saúde. Mas qualquer ajuda que a família possa dar, faz com que ela se sinta útil.
Transparência
Alguns familiares podem se sentir inseguros quanto as condutas terapêuticas. Destarte, é importante sempre informar o quadro de saúde do paciente e explicar os motivos que o levaram até essa situação.
Lembre-se que esse evento não é comum na vida do paciente e de seus familiares. Por isso, explicar o que está acontecendo faz com que a família fique mais segura.
Comunicação
As condutas terapêuticas podem ser comuns aos profissionais da saúde, mas não são aos familiares do paciente. Então, conversar com os familiares sobre os procedimentos a serem realizados faz com que eles compreendam seu motivo e importância.
Ao realizar qualquer tipo de conduta terapêutica com o paciente informe a família o que é e como será feito. Explicar no que esse cuidado pode melhorar a saúde do paciente também é válido para que a família se tranquilize.
Cuidados com o paciente
Uma pessoa que não é profissional da saúde pode não entender a forma como um tratamento é feito. E por isso, pode avaliar mal quando o profissional tomar medida pouco comum.
Portanto, ao cuidar do paciente o profissional da saúde deve ter cuidado e atenção. Conduzir o tratamento com zelo traz aos familiares o sentimento de que seu ente querido está sendo bem tratado.
Empatia com os familiares
Colocar-se no lugar dos familiares do paciente é um exercício bastante eficaz. Em primeiro porque demonstra humanidade e empatia com a situação da família.
Em segundo, porque ao exercer a empatia todas as ferramentas acima explicadas se tornam mais fáceis de serem realizadas.
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FONTE: Soares M, PhD. Cuidando da família de pacientes em situação de terminalidade internados na unidade de terapia intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. 2007;19(4):481-484. Disponível em: < http://rbti.org.br/artigo/detalhes/0103507X-19-4-13 >. Acesso em: 22/08/2019.