Como um psicólogo pode ajudar uma mulher na gestação, parto e pós-parto?

Escola da Parentalidade

Você que lida diariamente com a parentalidade, provavelmente conhece o papel fundamental de um psicólogo na gestação, no parto e no pós-parto. Se não conhece ou possui dúvidas sobre o assunto, convido você a ler o texto abaixo para poder indicar o trabalho do profissional em seu dia a dia.

O psicólogo perinatal é a chave para a saúde mental da mulher

Quando a mulher se descobre grávida, ela começa a pensar em seu bebê, e medos e expectativas são comuns. Ela pode se sentir apreensiva com relação à saúde do filho que está gestando, sobre sua capacidade de ser uma boa mãe e cuidar de um ser menos evoluído que ela, com o tipo de parto que trará seu filho ao mundo, se sentirá dor, se terá apoio emocional na hora, entre tantas outras coisas.

Como você percebeu, são muitos os anseios e preocupações da gestante. Olhar para a origem desse caos emocional é fundamental. Para além da preocupação com o desconhecido, as crenças internas e, portanto, subjetivas são determinantes na constituição do papel materno. O psicólogo perinatal deve levar em conta todas as emoções da mulher nesse período, e precisa entender que cada gestação é única, portanto deve ser tratada de forma personalizada, sem perder de vista as influências socioculturais bem como as interpretações biomédicas do ciclo gravídico-puerperal na constituição psíquica individual .

Ou seja, o psicólogo é a chave para a saúde mental da mulher. Ele propicia à gestante um momento para falar sobre suas dúvidas e receios e oferece o suporte para a compreensão de todas as implicações do novo papel social materno, ajudando-lhe na sua constituição enquanto mãe.

O psicólogo perinatal também é importante na gestação para tratamento e acompanhamento das angústias diante de alguns casos específicos, como as intercorrências (prematuridade, bebês com deficiência, óbito) envolvimento emocional com a família, vínculo entre mãe e filho e dificuldades sobre o parto e pós-parto, idealização da maternidade, adoecimentos psíquicos perinatais, entre outros.

O psicólogo perinatal e seu papel no parto

O profissional da psicologia também pode auxiliar na preparação para o parto, momento de muito receio para a maioria das gestantes. O parto é um dos primeiros e maiores momentos de ambivalência que a nova mãe experimenta. A alegria da vida nova que nasce se confronta com a angústia e o medo da dor e, especialmente, da morte. O parto é a passagem para uma nova vida e a despedida da vida que foi até agora. Além disso, culturalmente, carregamos as imagens e experiências de mulheres que morreram no parto, tornando-se essa imagem muito mais presente do que de fato é. Lidar com todas essas emoções exige muito da estrutura psíquica da mulher. Para apoiar nesse momento, o acompanhamento psicológico, que deve, preferencialmente, se iniciar muito antes do parto, pode ser de grande valia. Quem passou pelo profissional está tende a estar ciente de suas emoções, seus medos e seus desejos, e já possui bastante informação sobre pelo o que poderá passar. Assim, ela está física e emocionalmente preparada para o parto.

O psicólogo perinatal pode inclusive estar presente no momento do parto, junto à equipe médica, para encorajar as mulheres e propiciar a elas um nascimento de respeito, afeto e tranquilidade para seu bebê.

Portanto, seu papel também é de capacitar a gestante, para que ela se torne esclarecida para escolher o que deseja, para que se encoraje a propiciar o parto que for mais saudável para seu filho, não aquele que foi imposto, exceto por questões de saúde, trabalhando em equipe com os profissionais que assistem o parto (os ginecologistas obstetras, as enfermeiras obstetras, as doulas).

O papel do psicólogo no pós-parto

Meu filho nasceu. E agora? Meu mundo virou cor-de-rosa ou azul e eu serei feliz eternamente? Na maioria das vezes, não, de início, pelo menos. O papel do psicólogo perinatal no pós-parto é de auxiliar a mulher em diversas questões emocionais, reconhecendo situações e sentimentos, por exemplo, auxiliando-as no processo de reconhecimento de sua nova identidade e, especialmente, de adaptação à esse processo de estranhamento do eu, de sua imagem física e psíquica, de seu novo lugar no mundo.

Nem todo quadro psíquico necessita de intervenção psicológica, como o baby blues puerperal, que é extremamente comum e precisa apenas que a mulher se adapte às dificuldades apresentadas pela nova configuração de vida, que desconstrua a maternidade idealizada na gestação.

Contudo, alguns casos de adoecimento necessitam do acompanhamento psicológico, porque são patológicos e precisam de tratamento, inclusive com possibilidade de administração de medicamentos (por exemplo, depressão pós-parto e psicose puerperal).

A importância do pré-natal psicológico

É por esses e outros motivos que o pré-natal psicológico é importante e deve ser realizado por todas as gestantes. Aliado ao pré-natal físico, o psicológico cuida da saúde emocional da mulher, é uma prevenção de adoecimentos psíquicos. Não estamos afirmando que eles deixarão de existir, mas que suas chances de acontecimento são reduzidas e os impactos, menores.

Portanto, em seu papel como profissional da parentalidade, não deixe de indicar o atendimento de um psicólogo perinatal. Sugerimos indicar para todas as gestantes e puérperas, mas especialmente para aquelas que já possuem histórico de adoecimento psíquico.

Fontes:

Letícia Andrade – O papel do psicólogo na assistência humanizada ao parto- Disponível em:

https://monografias.brasilescola.uol.com.br/psicologia/o-papel-psicologo-na-assistencia-humanizada-ao-parto.htm#capitulo_6

Psicologia Acessível – O papel da Psicologia na Gestação, Parto e Pós-Parto – Disponível em:https://psicologiaacessivel.net/2015/10/09/o-papel-da-psicologia-na-gestacao-parto-e-pos-parto/

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