Estamos vivendo num “cenário de guerra”, com comércios fechados, ruas vazias e notícias tristes e de morte chegando o tempo todo. O Novo Coronavírus chegou no Brasil e tem causado muito sofrimento, danos na saúde, no cotidiano no emocional da população, além de danos financeiros inestimáveis. Para completar, o convívio social, que é uma forma natural de extravasar e equilibrar as emoções, está desaconselhado. Mas, diante de todo esse caos, os profissionais da saúde têm estado a frente desta batalha, atuando em hospitais, cuidando dos pacientes contaminados. Diante disso, eles têm pago um “alto preço”: milhares foram infectados e muitos já faleceram em função da Covid-19. Assim, é fácil supor o estado emocional dos profissionais da saúde também está em risco.
Segundo reportagem da BBC News Brasil, apesar do uso de equipamentos de proteção individual – EPIs – como as máscaras, os médicos, enfermeiros e outros profissionais da área parecem tender a contrair mais o Coronavírus que a maioria das pessoas, e talvez a desenvolver sintomas mais graves. Para especialistas, grande parte da explicação passa pela quantidade de vírus à qual eles são expostos, além também da faixa etária e de eventuais condições pré-existentes.
Enquanto a maioria dos trabalhadores está em Quarentena, dentro de suas casas, são esses profissionais que frequentam os locais onde a contaminação está mais presente e por isso, muitos precisam ficar isolados dos seus familiares. Além disso, ainda presenciam a morte de muitos dos seus pacientes e até dos seus colegas de trabalho. Desta forma, surgem o sofrimento e os problemas emocionais dessas pessoas, que estão cuidando de todos, mas sem tempo para cuidar de si. Não há como negar, o emocional dos profissionais da saúde está em risco.
O emocional dos profissionais da saúde
Profissionais importantes na assistência à saúde são os médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, especialmente. Para os trabalhadores da saúde, o estresse e a pressão do ofício, acrescido do risco de adoecer, provocam severos problemas de saúde mental.
São situações que aumentam o turnover e a síndrome de burnout, além de gerar graves problemas como ansiedade e depressão. Sendo assim, esse é um momento de redobrar os cuidados, principalmente com o lado emocional. Se você é um profissional da saúde e está à frente dos atendimentos, lembre-se que é a pessoa mais importante no processo de cuidar. Se você não estiver bem, não poderá cuidar de outras pessoas.
Orientações à saúde mental
Por mais que o turno de trabalho muitas vezes seja dobrado, tenso e agitado, lembre-se de fazer pausas e descansar. Isso é essencial! Busque conversar com as pessoas da equipe, expor seus sentimentos ou mesmo fazer ligações para familiares e amigos. São hábitos que podem aliviar a tensão.
Certamente é muito importante que tenha atenção com alimentos, mantendo uma dieta saudável e pausas para alimentação. Além disso, procure ao menos 10 minutos para uma atividade física regular, e de lazer fora do trabalho. Assim aliviará a mente. Em caso de qualquer sintoma da doença, realize o imediato afastamento da sociedade e do ambiente de trabalho e avise seus supervisores.
A Pandemia e o Medo
Num momento desses, nossas defesas psicológicas podem não dar conta de manter o nosso bem-estar. É muito gasto energético para a parte racional da mente lidar e quem “paga” é o andar inferior que têm estruturas cerebrais mais profundas que lidam com as nossas emoções: o sistema límbico. Desta forma, quem aparece com frequência é o Medo.
O medo é bem-vindo num primeiro momento. Ele está em consonância com essa situação nova, que as pessoas identificam como potencialmente ameaçadora. Mas em excesso, paralisa a pessoa e a prejudica muito. Existe um artigo publicado por pesquisadores brasileiros na Revista Brasileira de Psiquiatria, baseado em estudos feitos em tragédias, epidemias e pandemias, falando sobre o Medo. Ele afirma que quando o medo é crônico ou faz o perigo parecer maior do que de fato é, torna-se nocivo e pode ser o gatilho para o desenvolvimento de problemas de saúde mental. Por isso, ele aumenta os níveis de ansiedade e estresse em pessoas saudáveis e intensifica os sintomas das que têm transtornos psiquiátricos pré-existentes. Ainda segundo o artigo, durante epidemias o número de pessoas que desenvolvem distúrbios psíquicos tende a ser maior do que as que são afetadas pelo processo infeccioso.
Ignorar o Medo faz mal
Por outro lado, também não é recomendável ignorar o medo ou negar o perigo/ameaça. A melhor forma de lidar com ele é acolhê-lo, reconhecê-lo e tentar entendê-lo. O importante é a pessoa não negar que está sentindo ou achar que é normal. Ela deve observar se está entrando em pânico, passando de um estado que seria de um alerta desejável para algo excessivo, que a impede de fazer outras coisas. É importante saber que existem profissionais de saúde mental especializados em primeiros socorros psicológicos, que atendem em situações de emergência, como a pandemia. Muitos psicólogos estão atendendo, inclusive de forma voluntária, em hospitais e clínicas, mas também estão autorizados a consultar à distância, por plataformas online. Busquem ajuda se precisarem!