O óbito perinatal representa um dos episódios mais frustrantes e de difícil elaboração na vida de uma mulher. Na maioria dos casos, a temida constatação da morte do feto ocorre no primeiro trimestre da gestação, mas também pode ocorrer ao longo de toda a gravidez e mesmo no final do 3º trimestre ou durante o no parto ou no pós-parto imediato.
Geralmente o passo seguinte é internar imediatamente a gestante para retirada do feto morto, por uma cesariana, ou a sua expulsão por um parto normal, que é o mais recomendável. Assim, elas chegam grávidas no hospital e saem sem seus filhos nos braços! A dor pode ser imensurável…
Porém, existe uma crença, entre as pessoas do senso comum e até entre os profissionais de saúde, de que a intensidade e duração da dor são proporcionais à convivência dos pais com os filhos. Ou seja, como o bebê ainda nem tinha nascido, o vínculo dos pais seria menor e, portanto, a dor também não seria grande. Mas, ao contrário disso, a dor dos pais pode ser até pior porque eles nunca puderam conhecer o seu filho e ele nunca pode se fazer efetivamente presente e a culpa por acharem que não o protegeram suficientemente.”
“(…)Assim, a morte de um feto é a morte de um sonho de ser mãe e ou pai! É a dor da culpa, do fracasso e da impossibilidade de viver a maternidade/paternidade de forma completa, como podemos ver no relato de Bárbara Scott: “Nunca vi as feições que gerei, as mãos que senti tateando à procura da vida que tentei dar e não pude.(…) Mas até agora às vezes sonho ouvi-lo chamando com fome e o procuro, como para recuperar parte de mim própria do túmulo das coisas não feitas.”
Os traumas do luto perinatal
Percebe-se nessas palavras todo o sofrimento psíquico envolvido em casos de perda de bebês, independente da idade gestacional em que ela ocorra. Desta forma, todo este processo de perda pode ser bastante traumatizante, gerando perturbações psicológicas, como depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático e o luto complicado. Podemos observar nas marcas traumáticas, que foram muito bem retratadas e eternizadas na obra da pintora Frida Khalo, após ter uma perda fetal.
Por isso, vamos ser mais cuidadosos como nossas palavras e cuidar melhor das mães e pais que perderam seus bebês! Escutem a sua dor e deixe que eles falem do bebê perdido.
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Alessandra Arrais