O óbito perinatal representa um dos momentos mais frustrantes e difíceis na vida de uma mulher. Muitas vezes, a equipe de saúde não está preparada para lidar com a dor e o sofrimento dos pais, principalmente, pelos próprios conflitos que possui na relação com a morte. E nessas horas notamos a diferença entre os profissionais da parentalidade e um profissional da saúde comum.
Profissionais da parentalidade lidando com o óbito perinatal
Muitas vezes, a constatação da morte do feto ocorre no primeiro trimestre da gestação. No entanto, pode ocorrer ao longo de toda a gravidez e, até mesmo, no final do 3º trimestre, durante o parto ou no pós-parto imediato.
Quando é constatado o óbito, nem sempre a mulher segue para a retirada do feto morto. O ideal é, na maioria das vezes, que o corpo permita a saída do feto naturalmente, num parto vaginal, com o mínimo de intervenções possível, especialmente, numa gestação mais avançada. Essa espera pode demorar algumas horas, alguns dias e, em alguns casos, algumas semanas.
A angústia, a ansiedade e a tristeza costumam acompanhar essa mulher durante todo esse processo. Nesses casos, a mulher entra em trabalho de parto, pari e recebe um bebê já sem vida. Esse processo deve acontecer, preferencialmente, num ambiente hospitalar, capacitado para evitar quadros infecciosos. Assim, elas chegam grávidas no hospital e saem sem seus filhos nos braços.
Portanto, não é difícil concluir que a dor, da perda de um bebê, pode ser imensurável, considerando apenas o parto para a ‘expulsão’ desse corpo já sem vida do corpo materno, não levando em consideração todas as demais implicações, psíquicas e sociais, de se perder um bebê. Se o atendimento à essa mãe não for diferenciado, por um profissional da parentalidade, pode trazer grandes traumas. É aí que entra a diferença no atendimento do profissionais da parentalidade e um profissional da saúde comum.
O Papel da Psicologia
Diante de situações como o luto perinatal, psicólogos podem entender as vulnerabilidades e os riscos psíquicos dos pais que perderam seus filhos. Sendo assim, cabe à ele ajudar os pais e familiares a entenderem a situação que estão vivendo.
Deste modo, eles poderão se abrir sobre o ocorrido, assimilar e, algum tempo depois, aceitar.Tudo no seu tempo.
Os rituais fúnebres podem ajudar no processo de luto, pois a recuperação é centrada na aceitação. O velório permite que as pessoas consigam se despedir e que o enlutado seja considerado como tal. Porém, eles somente acontecem em casos de óbitos fetais, aqueles que acontecem após a 20ª semana de gestação ou quando o feto pesa mais de 500 gramas.
Profissional da parentalidade e um profissional da saúde comum
Enfrentar a morte é difícil para todos e também para a equipe de saúde, capacitada para lutar contra a morte, sempre. Por isso, também, as equipes médicas precisam entender as situações que atravessam a experiência do luto, se sensibilizarem e respeitarem o drama da mãe. Naquele momento, houve uma desestruturação psíquica, que refletirá nos âmbitos individual, conjugal e familiar.
Sendo assim, o apoio começa com o cuidado ao dar o diagnóstico da morte do bebê.
Por isso, os hospitais devem estar preparados para acolher a mulher que passa por essa situação. Não é indicado que ela fique junto com pacientes que acabaram de dar à luz, no mesmo corredor e, principalmente, no mesmo quarto. Acompanhar mães com os filhos nos braços pode ser uma tortura para quem acaba de perder um bebê. É preciso também cautela nas palavras ditas à família.
Por tudo isso, é fundamental que os profissionais da saúde sejam cuidadosos com palavras e atitudes no atendimento aos pais, principalmente à mãe.
É momento de escutar a sua dor e deixar que eles falem do bebê perdido.
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