A atuação do profissional com grupos da parentalidade

profissionais da parentalidade no trabalho em grupos
Escola da Parentalidade

Entenda os benefícios em trabalhar com grupos parentais e como esse atendimento coletivo pode ser um diferencial para sua atuação como profissional da parentalidade. 

O poder do grupo – por que trabalhar com grupos é importante?

O ser humano é uma espécie naturalmente sociável. Por esse motivo nós vivemos em centros urbanos e inventamos cada vez mais formas de comunicação.

É assim que construímos nossa subjetividade – a partir das relações que desenvolvemos durante a vida.  Isso significa que priorizamos certa harmonia social, pela qual é possível conviver em sociedade. 

Por conseguinte, é imprescindível que saibamos interagir em grupo, evitando assim uma desordem social e aprendendo cada vez mais com a experiência do outro.

Nesse sentido, o atendimento ao público da parentalidade também pode ser feito coletivamente, a partir de sessões grupais, com a reunião pessoas que enfrentam os mesmos obstáculos no desenvolvimento da maternidade, paternidade, avosidade, e assim por diante.

Portanto, essa é uma das formas de cuidar da saúde mental daqueles que enfrentam os desafios da parentalidade e obter novas experiências como um profissional, numa troca mútua:

  • O profissional da parentalidade se beneficia da interação coletiva porque a coordenação de grupos requer o desempenho prático de responsabilidades e habilidades técnicas. Ou seja, é uma oportunidade que deve ser aproveitada para melhorar sua comunicação com o público.
  • Por sua vez, o público se beneficia do atendimento pois não se sente mais sozinho, mas amparado. Se reunir com pessoas que compartilham dos mesmos sofrimentos é a melhor maneira de encontrar forças para encarar os desafios da parentalidade – o que parece impossível quando se está sozinho torna-se possível em grupo. 

Portanto, o trabalho com grupos parentais é motivador, mas também tem como função principal oferecer conforto e acolhimento àqueles que precisam, como uma rede de apoio afetiva.

Redes de apoio

Quando se trata de parentalidade, é necessário que a gestante e seus familiares tenham uma rede de apoio emocional para lidar com suas dificuldades pessoais.

Em especial, a mulher requer uma atenção mais direcionada a sua saúde mental, pois ela vivencia essa experiência como protagonista.

Estudos comprovam que uma rede social significativa no processo geracional é muito benéfica não só para o desenvolvimento da parentalidade, mas também na melhora das relações interpessoais com todos os envolvidos no processo.

Nesse sentido, os grupos funcionam como redes de apoio e devem ser formados por pessoas que realmente se comprometem com as sessões, pois a participação é essencial, assim como o acolhimento de todos os participantes.

Qual a diferença entre os grupos psicoterápico e psicoeducativo?

Segundo Katia Sanchez, psicóloga perinatal e parental, o grupo psicoterápico deve ser manejado por um psicólogo, na função de grupo-terapeuta, pois esse atendimento tem como foco uma abordagem teórica para uma construção psíquica e emocional do público da parentalidade.

Quanto ao grupo psicoeducativo, este é exclusivamente projetado a partir de rodas de conversa que não têm caráter terapêutico, mas que são organizadas por um profissional da parentalidade, na função de coordenador de grupo, sem uma abordagem teórica específica.

No segundo caso, é interessante que o profissional em algum momento convide um psicólogo para a roda de conversa, pois essa interação pode ter um efeito positivo no desenvolvimento emocional do grupo.

Grupo de pré-natal psicológico

O pré-natal psicológico (PNP) é um método que visa a humanização de todo o processo gestacional, que começa na gravidez e se estende ao desenvolvimento da parentalidade. 

Assim, o atendimento começa junto com a gestação e pode permanecer até seis meses após o parto, para acompanhamento da amamentação e adaptação da mãe na sua recém maternidade. 

Dessa forma, o pré-natal psicológico atua de forma preventiva, principalmente contra casos de depressão pós-parto (DPP), que aumentam cada vez mais no Brasil e dificultam o desenvolvimento social e afetivo tanto da mãe quanto da criança.

Dito isso, as sessões do pré-natal psicológico também podem ser feitas em grupo, de acordo com seu caráter psicoterapêutico e psicoeducativo.

Vale lembrar que esse é um cuidado complementar ao pré-natal convencional, que é obrigatório e tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento biológico da gestante e do feto durante o período gestacional.

Como atrair as pessoas para o atendimento em grupo

No geral, as pessoas são muito diferentes e imprevisíveis, por isso é importante reuni-las pelas suas semelhanças para depois tratar de suas individualidades.

Nesse sentido, os grupos podem ser integrados por categorias parentais: gestantes, puérperas, mães, pais, casais, crianças, avós – todo o público da parentalidade que enfrenta os mesmos desafios.

Além disso, considere parcerias com pessoas que já tem um público e trabalham com grupos da parentalidade – enfermeiras, consultoras da amamentação, doulas, etc. Se unir a alguém que tem mais experiência do que você também pode ser enriquecedor. Assim você irá descobrir a sua própria forma de atuar e superar seus obstáculos profissionais na medida em que conquista um público mais particular.

Mas também existem outras formas de atrair cada vez mais o público parental. Se você trabalha com um grupo de gestantes, por exemplo, ele não vai durar mais do que nove meses. Mas isso não significa que você deve ficar parado esperando outra oportunidade – você pode montar um grupo de puérperas logo em seguida.

Por sua vez, você pode fazer com que essas puérperas tragam suas famílias para as sessões em grupo e assim formar novas turmas para atendimentos com um público familiar mais específico.

No entanto, a melhor forma atual de atrair pessoas para o seu grupo é alcançar um público no meio digital e marcar sessões presenciais e/ou virtuais.

Grupos presenciais e grupos virtuais (diferenças, prós e contras)

Os grupos presenciais são mais comuns, porque facilitam a comunicação através do contato direto entre os participantes.

Já no grupo virtual, a tecnologia não é só um meio de comunicação, visto que ela também faz parte das relações entre o coordenador ou grupo-terapeuta e os membros do grupo, o que implica em diversas questões:

  • As ferramentas de comunicação podem parecer limitadas ou não serem bem aproveitadas;
  • Pode existir uma tensão e uma certa resistência ao uso da tecnologia para se comunicar;
  • E, como consequência desses fatores, o acolhimento proposto pode não ser alcançado e a comunicação em si pode não ser clara, o que causa uma sensação de desamparo por parte do público.

No entanto, é possível utilizar a tecnologia de forma inteligente e favorável. Veja o que os especialistas em mídias sociais e influencers estão fazendo para se comunicar e incorpore essa prática no seu diálogo com o público digital.

Pode parecer difícil ou até impossível no começo, mas a comunicação ficará mais natural com o tempo e logo você terá espectadores fiéis que indicarão seus serviços ou participarão dos grupos que você administra.  

A maior dificuldade do profissional é fazer o grupo fluir

Para trabalhar com grupos, o profissional da parentalidade deve ter uma pré-disposição para atuar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Também é preciso ter uma certa facilidade para se comunicar eficientemente e engajar o público para que ele se desenvolva de forma adequada. 

No entanto, essa prática requer tempo e muita dedicação. Para isso, um estudo de teorias grupais também pode ser útil, pois esse conhecimento vai prepará-lo para lidar com as dinâmicas em grupo e a individualidade de cada membro. 

Da mesma forma, o autoconhecimento é importante. Assim, você terá o controle emocional para ser mais produtivo e consciente sobre a coordenação e manejo dos grupos da parentalidade, considerando suas interdependências específicas.

Assim, também é preciso ter certa sensibilidade por parte do profissional, pois em um único grupo existem pessoas muito diferentes entre si, o que pode gerar conflitos internos. Esteja preparado para lidar com situações de constrangimento, silêncio, intrigas, e assim por diante. 

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Além de elaborar e ministrar o curso, Alessandra Arrais também faz parte da equipe da Escola da Parentalidade. 

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