O ato de adotar uma criança é lindo, mas geralmente é complicado para ambos os lados. Os limites dos adotantes e do adotado são testados na convivência, e a adaptação pode não ser fácil, especialmente nas duas primeiras semanas. Veja como você, profissional da parentalidade, pode auxiliar neste processo.
A construção da filiação
Você deve saber que a convivência não é fácil. Agora imagine uma situação onde pessoas estranhas entre si tenham de construir uma relação de paternidade e filiação, com apenas alguns encontros anteriores.
Existem diversas angústias nesta fase, e expectativas e frustrações são comuns. Há outros sentimentos envolvidos, como esperanças e ilusões, já que os primeiros dias de convivência trazem muitas novidades.
A devolução da criança pelos adotantes geralmente acontece por dificuldades no período de adaptação da criança ao seu novo lar. Pode haver conflitos e complicações no estabelecimento de vínculos, e tudo é mais exacerbado em casos de adoção tardia.
Mas você pode ajudar. Os profissionais da parentalidade são pessoas-chave neste processo de construção de filiação e de adaptações no lar. Veja como você pode colaborar!
O preparo psicológico
Assim como acontece em uma gestação, os pais adotivos também devem ser preparados psicologicamente para a chegada do novo membro da família. A criança muitas vezes não está preparada para ter pais, para ser adotada por alguém que se propõe a amá-la e tratá-la como filho, então a adaptação à sua nova condição deve ser priorizada.
Quanto mais tarde a criança for adotada, maior é o sentimento de insegurança envolvido. Elas geralmente não possuem vínculos afetivos e são instáveis emocionalmente, por conta de sua história de vida e pelas mudanças significativas que aconteceram.
A situação é ainda pior quando uma criança adotada é devolvida. Ela se sente ainda mais instável emocionalmente, pois foi decepcionada novamente, e acredita ainda menos nos adultos. Podem ser geradas sequelas permanentes na vida desse pequeno ser!
O preparo psicológico feito pelos profissionais da parentalidade visa acolher e estimular a criança e seus pais, com o intuito de formar vínculos de confiança. Você, com sua capacitação e experiências de rotina, deve priorizar a adaptação da criança ao novo lar, aos seus novos pais, auxiliando no desenvolvimento de um ambiente bom o suficiente para ela, que sobreviva às dificuldades das primeiras semanas de convivência.
O novo ambiente deve fortalecer as esperanças da criança, para que ela enfim vislumbre novos horizontes em seu futuro. São necessárias estratégias efetivas que atuem no processo delicado, mas tão importante, de adaptação da criança que foi escolhida para adoção.
A intermediação é importante, e ajuda na construção de vínculos entre a criança e seus novos pais, possibilitando esperança para ambos os lados.
Cuidado com os pais
É preciso também olhar para os pais com cuidado, pois estão na fila de espera, gestando essa parentalidade. Enquanto uma gestação convencional dura, em média, 9 meses, um processo de adoção pode durar 5 anos ou mais na nossa realidade. Por isso, as expectativas e ansiedades desses pais tendem a i aumentando e isso merece atenção.
Apoio à adoção
Como profissional da parentalidade, você pode e deve fazer a diferença em seu trabalho. Se você não é psicólogo, mas percebe a importância deste profissional na adaptação da criança adotada, recomende o encaminhamento aos pais. É importante que eles participem, e também o adotado, pois ambos estão passando pelo mesmo período de construção de vínculos.
Você também pode indicar grupos de apoio à adoção, que fazem encontros presenciais ou online, dependendo de sua cidade. A adoção está cercada de preconceito, e o apoio psicológico deve acontecer mesmo que a adaptação no início se apresente melhor do que o esperado.
Afinal, algumas crianças, com medo da devolução, se mostram exemplares nos primeiros dias. Após, quando possuem a certeza de que ficarão no novo lar, apresentam comportamento desobediente, com mudanças drásticas. O apoio psicológico é fundamental no processo de adoção, e você pode auxiliar a nova família quanto à adaptação.