Entenda os aspectos psicológicos da adoção de uma criança

Escola da Parentalidade

Sabemos que há muita burocracia para adotar um filho. Famílias podem aguardar por anos na fila para ter um bebê e a carga emocional envolvida nesse processo é bastante grande. Conheça os aspectos psicológicos da adoção para orientar melhor as mães que passam pela sua área de atuação.

Relacionamentos baseados em confiança

Pais e filhos constroem um relacionamento no dia a dia, com a convivência, com a formação de laços afetivos. Portanto, um dos aspectos psicológicos da adoção, é a confiança. Mesmo que os filhos não sejam biológicos, é possível que sejam amados e que amem seus pais, como se fossem gerados naquela família.

Uma das dúvidas mais comuns que cerca as famílias adotantes é se devem ou não contar para a criança sobre a adoção e, se sim, quando fazê-lo. Muitas famílias optam por não contar ou ainda por criarem outras histórias, dizendo, por exemplo, que a mãe biológica morreu no parto, acreditando que assim será mais fácil ou menos traumático encarar a rejeição da família biológica e aceitar a adoção. Entretanto, as mentiras podem gerar na criança fantasias não reais e provocar-lhes sentimentos que não condizem com a realidade e que não precisariam ser experimentados.

É comum que se tente proteger a criança de qualquer sentimento que possa parecer negativo. Porém, precisamos lembrar que as crianças crescem e que a história de suas vidas interfere diretamente na formação desse indivíduo. Uma história contada que não é a sua verdadeira história pode gerar tantos traumas ou até mais do que saber a verdade e ser acolhida em sua dor. Não é verdade que uma mentira contada várias vezes se torna verdade, pelo menos, não é assim quando falamos de nossa história, de nossa sensação de pertencimento.

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Aspectos psicológicos da adoção; resignificação

A adoção é uma nova oportunidade para que essa criança e essa família resignifiquem suas histórias e suas sensações de pertencimento, no mundo e na sociedade. Pertencer a algum lugar ou a alguém baseado na mentira pode ser devastador.

Por isso, sempre que possível, oriente a família a dizer a verdade. Ajude essa família a encarar seus medos e buscar apoio para se fortalecer a vencer seus próprios fantasmas sobre a adoção em questão e ser capaz de contar a verdade para todos os envolvidos diretamente no processo da adoção, respeitando sempre o tempo e a capacidade de compreensão de cada um.

Visão realista do dia a dia de uma adoção

Crianças nem sempre são fáceis, mas você deve saber disso. Portanto, é recomendável informar as mães que não é porque o filho foi adotado, já vindo com sua bagagem e uma história de rejeição, que ele trouxe problemas que ela não teria com o filho biológico.

Não é saudável para as relações familiares atrelar os problemas e dificuldades à adoção, e os prejuízos são para ambos. Pelo contrário, verificar com a família as motivações para a adoção e focar nesta realização é importante, e sua ajuda e orientação pode ser de fundamental auxílio para lidar com todos os desafios do processo.

Foco no amor

Não se esqueça de promover sempre o amor nas relações de adoção. Recomende que as famílias foquem no amor, na capacidade de amarem e de serem amados. Á princípio, pode parecer clichê o que vou dizer agora, mas o amor é a chave para a adoção. Ele promove a verdade, a coragem para enfrentar os diversos desafios, a motivação para a preparação e tudo o que está relacionado ao ato de adotar.

O amor é independente da via de nascimento da criança para a família, ou seja, independe se o filho é biológico ou não. Como dito anteriormente, o amor é o resultado de um processo de conhecimento, de entrega, de doação, de estar receptivo. E isso acontece em qualquer processo de filiação.

O tempo para a nova família se reconhecer enquanto mãe, pai e filho é fundamental. É preciso abrir o coração para as diferenças.
Mas também a aceitar, cuidar e, enfim, amar aquele que vem para formar a família. Não depende de laços sanguíneos, mas sim do coração, da disposição, do amor.

E você sabe: o amor também é o principal ingrediente para a criação de laços afetivos entre pais e filhos, para facilitar a convivência e a aceitação de filiação.

Apoio da psicoterapia

A psicoterapia pode ser indicada para todos os membros envolvidos na adoção, sejam eles pais, filhos, irmãos, etc. Afinal, a adoção é um ato que envolve diversas questões, entre elas pessoais, familiares e institucionais.

O sucesso depende principalmente da capacidade da família de acolher o novo membro. Desta forma, é trabalhado a questão do cuidar desta criança, de oferecer a ela um atendimento às suas necessidades, sem minimizar ou desprezar sua história prévia.

Portanto, você pode recomendar a terapia psicológica especialmente para a fase da adaptação da família à chegada da criança.
Assim, o profissional poderá esclarecer questões, anseios e expectativas, favorecendo a organização familiar de maneira a propiciar o desenvolvimento de vínculos emocionais entre os membros.

Tanto a criança adotada quanto a família adotiva podem se beneficiar com a psicoterapia para que tenham uma adaptação mais eficaz.
A terapia auxilia para que a criança possa se recuperar da sua carência sofrida e possa formar vínculos saudáveis com sua nova família. Além disso, apoia no vínculo com novos amigos e com a sociedade.

Profissionais da parentalidade envolvidos

Muitos são os profissionais da parentalidade que podem assistir, direta ou indiretamente, uma família no contexto de adoção.
Entre eles, podemos citar o profissional da área jurídica, seja o advogado que apoia a família no processo da guarda legal ou que a orienta nos processos jurídicos.

Há também o profissional da psicologia, que assiste a família e a criança no processo de preparação e adaptação para/da convivência familiar.
A consultora de amamentação, também auxilia a nova mãe que deseja amamentar o seu bebê recém chegado.

Os profissionais da educação  lidam com a escolarização e atenção pedagógica à criança adotada e que, por vezes, orienta a família adotante. No entanto, o pediatra presta assistência à saúde física e integrada da criança, entre tantos outros que estão presentes e assistem à nova família.

 

Fontes de inspiração:

 

Castro, R. F. (2015) Cada família é uma família… E algumas não começam no dia em que os filhos nascem…. Disponível em: https://www.oficinadepsicologia.com/quando-a-adocao-vai-ao-consultorio/

Rech, N. B.; DeMarco, T. T.; Silva, N. M. O. F.  O papel do psicólogo na adoção. Disponível em: https://editora.unoesc.edu.br/index.php/apeuv/article/viewFile/15311/7793

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