Os profissionais da parentalidade estão aptos a desenvolver ações em todas as fases do ciclo gravídico-puerperal e parental. Conheça como identificar a depressão entre mães e o que você pode fazer para dar suporte às puérperas, em especial.
Depressão na fase puerperal
Nesta fase, as mudanças orgânicas e sociais que ocorrem nas mulheres podem afetar sua saúde e seu bem-estar.
É um momento bastante importante na vida da mulher, pois ela passa por transformações tanto físicas quanto emocionais, sendo assim os riscos de surgimento de transtornos como depressão são grandes. Afinal, ela tem anseios, expectativas, medos, preocupações e planejamentos.Pesquisas apontam que o risco para o adoecimento psíquico aumenta, em pelo menos, 33% nessa fase da vida feminina.
A depressão pós-parto ou puerperal acomete várias mulheres(de 3 a 4 mulheres em cada 10 sofrem com a depressão no puerpério), e mais identificada por volta de 30 ou 40 dias após o parto, embora possa surgir até 3 anos após o nascimento do bebê. Antes desse tempo, é facilmente confundida com o baby blues. A depressão pós-parto possui quadro clínico bem específico, podendo trazer grandes prejuízos à mãe, ao bebê e aos seus familiares.
Causas da depressão pós-parto
Não é possível definir com exatidão as causas da depressão pós-parto, uma vez que já foi comprovado que esse adoecimento, nessa fase da vida, não está associado apenas às alterações hormonais vividas pela mulher. Temos percebido que a depressão pós-parto está mais associada com a frustração da expectativa do amor materno e do desempenho das funções maternas, além dos seguintes fatores de risco:
– idade avançada da mãe
– ausência de núcleo familiar estávelou acolhedor;
– gravidez complicadaou decepção com o parto (parto diferente da expectativa inicial ou violência obstétrica, por exemplo);
– casos de aborto espontâneo ou bebês natimortos.;
– perdas significativas durante a gestação ou puerpério (de um ente querido ou de um emprego, por exemplo).
Como identificar a depressão
Os casos mencionados nas situações acima são os que apresentam maiorc hance do surgimento de depressão entre mães, mas, como dissemos, não é regra. Para identificar o transtorno emocional nas suas pacientes, observe:
– aquelas que se sentem bastante incomodadas com o choro da criança;
– as mães que não se sentem estimuladas à amamentação ou apresentam um sofrimento mais intenso na adaptação à amamentação;
– sentimento de incapacidade de cuidar do filho;
– casos onde há transferência de responsabilidade da criança ou negligência total de cuidados;
– apatia;
– baixa interação com a criança ou dificuldade em falar o “manhês”;
– situações de agressão física.
Você também poderá perceber indícios de depressão pós-parto em mulheres frustradas com a experiência da maternidade, com dificuldades conjugais, baixas condições socioeconômicas e falta de suporte social.
Bebês prematuros, com predisposição à irritabilidade ou com baixo desempenho motor também podem ser indícios de depressão materna.
Como ajudar mães com depressão
Profissionais da parentalidade, por sua proximidade com as famílias e principalmente com as mulheres desde a gestação até o pós-parto, devem manter olhar vigilante para identificar casos onde a depressão pós-parto pode estar presente ou que podem vir a apresentar o adoecimento.
Como membro de atenção básica, sua função também é servir como porta de entrada para o acolhimento e o direcionamento adequado da puérpera, para comprovação do transtorno, visando seu tratamento.
Portanto, você pode conversar com a mãe e sugerir a consulta com o psicólogo, para que ela possa ser diagnosticada, tratada e acompanhada de forma especializada. É importante que os profissionais da parentalidade vão além das suas funções básicas e formem uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, visando o bem-estar e a saúde dos pacientes.
Sua proximidade com a mulher é bastante benéfica para ambas. Para o profissional, porque é sua oportunidade de promover assistência à mãe que passa por um transtorno grave. Para a puérpera, porque uma série de consequências podem ser evitadas. Como você sabe, a depressão pode afetar o futuro tanto da mãe quanto do bebê, seja em curto e até em longo prazo.
A depressão pós-parto é um transtorno sério, que precisa de tratamento urgente quando diagnosticada. Além disso, a mulher necessita de acolhimento e compreensão. O apoio à puérpera pode ser oferecido não somente pela família, mas pelos profissionais que a assistem.
A união entre as forças fará com que a mulher se sinta mais confiante e segura do sucesso do tratamento, fazendo com que ela supere o transtorno e todas as dificuldades encontradas. Evite o descaso e a subestimação da depressão entre mães, pois é um grande sofrimento para a mulher. Você pode e deve ajudar!