A volta da licença maternidade é um verdadeiro pesadelo para as mães que não podem dedicar-se integralmente aos filhos. Saiba como acolhê-las no retorno ao trabalho e ajudá-las a tornar esse momento menos doloroso.
Planejamento e praticidade desde a gravidez
Engana-se quem acredita que a licença maternidade começa apenas após o nascimento do bebê. Em muitos casos, a licença começa antes mesmo do parto. E pensar no fim dessa licença e programar o retorno é angustiante e, por vezes, adiado até o último momento.
A dificuldade de encarar e começar o planejamento do retorno ao trabalho está intimamente ligada á adaptação à nova realidade, a incorporação do novo papel social e a dificuldade de separação do bebê, num momento em que as coisas parecem ainda estarem começando a entrar nos eixos, ou seja, num momento ainda muito vulnerável.
Além disso, o fim da licença maternidade costuma coincidir com uma importante etapa no desenvolvimento da criança: a transição do leite para a introdução alimentar e nesse momento, muitas angústias e fantasias permeiam o imaginário materno, especialmente, o medo do abandono e de perder o seu lugar de importância na vida do bebê. As duas coisas acontecendo simultaneamente amplia o sofrimento e as dores maternas.
Pensando nisso, então, é importante que se abra espaço para falar sobre esse retorno à rotina, de preferência, ainda na gestação. Se planejar e antevir possíveis problemas podem ajudar a mulher a encarar essa nova realidade com mais segurança e até maior tranqüilidade.
Portanto, é interessante começar a focar no planejamento de sua rotina pessoal e profissional. A gestação é um momento em que já é possível começar a pesquisar e refletir sobre creches, cuidadoras em casa, amamentação após o retorno, enfim, antes mesmo de o retorno acontecer.
A decisão sobre a amamentação
A volta da licença maternidade costuma ser problemática porque mãe e bebê estão juntos 24 horas por dia, durante cinco ou seis meses. Além disso, a amamentação pode se complicar com o retorno ao trabalho.
Ajudar a mãe a decidir se deseja ou não manter a amamentação no retorno ao trabalho é papel do profissional da parentalidade. E caso ela deseje manter, incentivá-la a buscar orientações adequadas sobre extração e armazenamento do leite, adequação dos horários das mamadas, formas e estratégias para que o leite seja adequadamente ofertado ao bebê fazem parte do cuidado que o profissional oferece para a mãe lactante.
Uma idéia para não prejudicar a alimentação do lactente, se não for possível se deslocar do trabalho para casa durante o dia, a rotina abaixo, por exemplo,pode ser seguida:
– orientar a mãe para alimentar seu filho antes e depois do trabalho, com leite direto do peito;
– o leite excedente deve ser retirado com bombinha ou manualmente, conforme recomendação de saúde e higiene, para ser dado ao bebê na ausência da lactante, em copinhos ;
– informe sobre o prazo de validade do leite materno: em refrigeração, por 24 horas; congelado, por quatro a cinco dias.
Assim, a amamentação não precisará ser suspensa com o retorno ao trabalho, gerando benefícios ao bebê e também tranqüilidade para a mãe.
Sentimento de culpa é normal
Como citamos acima, os primeiros meses de vida do bebê são meses de intensa relação e sintonia entre a mãe e o filho, que se separam eventualmente e por breves momentos, na maioria das vezes. Então, quando acontece a volta da licença maternidade, o sentimento de culpa é inevitável. Mas esse sentimento não precisa paralizante ou provocar grandes sofrimentos!
Para lidar com a culpa, é importante também que o profissional da parentalidade tenha conhecimento sobre o desenvolvimento infantil. Assim, poderá criar estratégias para que as mães e os bebês passem por esse momento de transição de forma mais amena. Saber como interagir com a criança pode ajudar a mãe a administrar suas angústias e fantasmas do retorno ao trabalho, além de fortalecer o vínculo com o bebê apesar das horas distantes.
Tecnologia serve para aproximar
A tecnologia pode ser usada a favor da aproximação da mãe e do bebê, além de ajudar no enfrentamento do sentimento de culpa. Saber notícias, ver e falar com a criança pode ser positivo para a adaptação à nova realidade.
Porém, é importante também estar atento à possibilidade de ajudar a mãe a se fortalecer e resgatar os demais papéis sociais que ela desempenha. Embora muitas vezes seja precoce, o retorno ao trabalho é um chamado social para o retorno das demais funções. E a mulher precisa de amparo e orientação para esse retorno saudável.
Volta os poucos é recomendável
Para finalizar, uma prática que você pode indicar para as mães. Recomende que, em torno de uma semana antes do retorno oficial ao trabalho, a mulher volte aos poucos com sua rotina profissional.
Ou seja, ela pode ir ao escritório por algumas horas, para conversar com seus colegas; almoçar com as amigas de trabalho; checar seus e-mails e fazer ligações, etc. Até mesmo saídas para comprar roupas novas podem ser interessantes, preparando os dois para o afastamento parcial por conta da profissão.