Há um mês, mais ou menos, a escola do meu filho enviou um comunicado sobre a comemoração do dia das mães, para que já nos organizássemos. Achei o máximo, pois em nenhum momento, nessa comunicação, foi-se falado sobre o Dia das Mães.
A homenagem era para a mãe, avó, tia, pai, qualquer pessoa que exerça a função materna. De uma forma delicada e, ao mesmo tempo, direta, foi para que todos os que exercem essa função se sentissem acolhidos e homenageados.
A homenagem ainda não aconteceu, então, não posso dizer esse mesmo tom se manteve até o fim.
Ontem ao buscar meu filho na escola, um dos coleguinhas veio conversar comigo e me contou, todo feliz, que ele tem três mães e um pai!
Outro dia, no consultório, ouvi uma moça falando do quanto a sua avó é sua mãe, seu porto seguro, e que sua mãe é apenas a mulher que a gerou e a pariu.
Conheci ainda uma mulher que perdeu sua mãe, ainda na infância. Depois de adulta ela pôde entender que sua madrasta não tentou, em momento algum, roubar ou se apossar do lugar de sua mãe. Assim, ela poderia ser uma mãe a mais, uma amiga, companheira.
Já acompanhei uma mulher que adotou a mãe de sua melhor amiga como sua própria mãe.
No consultório, tive a oportunidade de conhecer um rapaz que exercia as funções maternas para o enteado, filho, biológico, de seu companheiro.
São tantas as maternidades, tantas pessoas que podem exercê-las, e ainda caímos no erro de unificá-las, como se existisse apenas uma forma de ser mãe.
Formas de “ser mãe”
A mídia, o comércio, as religiões, a sociedade de uma forma geral e, por muito tempo, também, a ciência como a psicologia e a pedagogia, insistiram em determinar a forma de agir, o que é certo ou errado, o que uma mãe pode ou não fazer.
Mas, os tempos mudaram!
E que alegria poder ver mudanças assim!
É preciso reconhecer as diversas formas de maternar, identificar as diferentes pessoas que podem exercer esse papel. Também e fundamental acolher, comemorar, celebrar a presença dessas pessoas ao invés de excluí-las ou chorar uma ausência que não existe.