O que o filme “As Coisas Impossíveis do Amor” tem de importante para nós profissionais da parentalidade?

luto perinal
Escola da Parentalidade

Confira essa indicação de filme sobre relacionamentos familiares complexos e veja como a análise dessa história pode contribuir para uma reflexão sobre o exercício da parentalidade.

Sinopse do enredo 

As Coisas Impossíveis do Amor, dirigido por Don Ross, foi lançado no Brasil em 2011 e é baseado no romance Love and Other Impossible Pursuits (O Amor e Outras Coisas Impossíveis), escrito por Ayelet Waldman e publicado pela primeira vez em 2006.

O filme conta a história de Emilia Greenleaf (Natalie Portman), uma advogada que inicia sua carreira em um escritório de advocacia e se apaixona pelo seu chefe, Jack (Scott Cohen). 

Ele é um homem casado, mas se separa de sua esposa, Carolyn (Lisa Kudrow), depois de conhecer Emilia. Carolyn é uma obstetra muito famosa em New York, além de ser a mãe de William (Charlie Tahan), fruto do seu relacionamento com Jack.

Emilia e Jack desenvolvem uma relação amorosa e dão à luz a uma filha, chamada Isabel, que se transforma em uma personagem central da história, mesmo sem aparecer – no início do filme, é possível perceber que Isabel faleceu poucos dias após o parto e Emilia sofre constantemente pela perda da filha, culpando-se pela morte da bebê.

Além do luto materno, Emilia também lida com o preconceito – por ser a segunda esposa, ela é responsabilizada pelo fim do primeiro casamento de Jack – e com as dificuldades em ser a madrasta de William, um menino de apenas 8 anos.

Em suma, o filme aborda a complexidade das relações de uma família que lida com o recasamento e os impactos emocionais da perda de um recém-nascido. 

Veja abaixo mais detalhes sobre a história (contém spoilers!) e como o filme aborda os temas da parentalidade.

Luto perinatal – o sofrimento pela perda de um filho

O luto perinatal pode ser definido como um processo complexo e individual de pesar após a morte de um filho, seja por óbito fetal ou de recém-nascido.

Antigamente, era comum que pais e familiares, assim como os profissionais da área da saúde, optassem pela negação e racionalização da morte perinatal, o que impedia o processo de luto.

No entanto, o luto deve ser compreendido como um enfrentamento ao desamparo e ao sofrimento causado por essa perda, que precisa ser reconhecido para que não se transforme em um adoecimento psíquico.

Dito isso, cada luto tem suas singularidades, mas todos são repletos de dor, em suas mais diversas manifestações. 

O luto materno, em especial, é muitas vezes considerado a dor mais extrema que alguém pode sentir – embora não seja adequado para um profissional mensurar o sofrimento alheio –, o que não é diferente para Emilia, a protagonista do filme As Coisas Impossíveis do Amor.

O luto materno de Emilia Greenleaf (com spoilers sobre o filme)

Isabel, a filha recém-nascida de Emilia, tinha apenas três dias de vida quando faleceu, tempo em que se começa a formação de um vínculo entre mãe e filha.

Em geral, nesse momento, o vínculo ainda está sendo estabelecido e testado. Muitas vezes, a mulher nem consegue ainda definir o que de fato sente pelo bebê. O cansaço e o impacto com a rotina tendem a sugar as energias da mulher, que se sente frágil!

Durante o filme, a causa da morte perinatal fica oculta, mas é visível que Emilia se sente responsável pelo que aconteceu, o que é muito comum no luto materno, mas principalmente nesse caso, pois Isabel morreu enquanto dormia no colo da mãe. A perda, o vazio e a culpa intensificam o vínculo que estava sendo formado, dando o caráter de perfeito e incondicional! A culpa, em especial, denuncia um sentimento de impotência e incapacidade para o maternar! Ela se sente fracassada na missão de cuidar e manter vivo um bebê, totalmente dependente!

No entanto, o final da trama revela que Isabel foi vítima da Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL), um acometimento comum e que leva recém-nascidos a óbito sem nenhum motivo aparente. 

A SMSL é a principal causa de morte em bebês com menos de 1 ano e pode se desencadear a partir de complicações, naturais ou não, no desenvolvimento do recém-nascido, como: 

  • o atraso na maturidade do tronco cerebral 
  • dormir de bruços ou de lado (o bebê deve dormir com a barriga para cima) 
  • calor excessivo no ambiente
  • a mãe fumar durante a gravidez e/ou o puerpério.

Voltando ao roteiro cinematográfico, o momento em que Emilia descobre que a morte da filha não foi sua culpa é de extrema comoção. A partir daí, a personagem transforma o luto em superação e finalmente consegue seguir em frente nas suas relações sociais e familiares.   

Na vida real, apesar dessa transformação não ser tão marcada e específica, o profissional da parentalidade deve considerá-la como um objetivo principal durante a elaboração do luto. 

Além disso, o reconhecimento da dor e a expressão dos sentimentos também fazem parte do processo de superação ao sofrimento causado pela perda de um filho.

Rede de apoio ao luto perinatal

Também é notável no filme que o luto de Emilia faz com que ela se afaste muito de Jack – eles não conversam muito sobre o ocorrido, o que é insuportável para a relação do casal e os leva a separação.

Para evitar que isso aconteça na vida real, é preciso contar com uma rede de apoio para lidar com a elaboração do luto perinatal e, assim, criar uma resiliência emocional para que as relações familiares e conjugais também não sejam perdidas. 

É preciso lembrar que homens e mulheres tendem a reagir de formas diferentes diante do luto. Isso deve ser levado em consideração. Muitas vezes, por causa dessas diferenças e sentimentos de falta de apoio do cônjuge, o casal se afasta e acaba por se separar. O luto cria uma barreira de silêncio é um abismo de solidão!

Nesse sentido, cabe ao profissional da parentalidade dar um suporte mais concreto e encontrar maneiras para que o casal e sua família possam processar o sofrimento por uma morte perinatal.

Conflitos familiares – a formação de vínculos afetivos

Junto ao luto materno, Emilia enfrenta as dificuldades em lidar com sua família, principalmente na relação com William e Carolyn, por conta do seu papel como madrasta do garoto. Logo no início do filme, por exemplo, Emilia aparece muito deslocada nessa função e briga constantemente com Will. 

Em um desses conflitos, o garoto menciona inocentemente que seria melhor vender “as coisas do bebê” na internet, já que elas não tinham mais utilidade na casa, e isso deixa Emilia furiosa. No entanto, a relação entre eles também tem seus pontos altos e fica cada vez mais evidente, para nós e para eles, que os dois realmente se amam.

Esse relacionamento entre enteado e madrasta é um exemplo muito próximo à realidade, pois é comum encontrar membros de uma família em construção que não conseguem se entender bem. Nesse sentido, vale lembrar que a parentalidade se desenvolve continuamente e se forma através de vínculos afetivos, os quais exigem diversas adaptações no contexto familiar.

Dito isso, o profissional da parentalidade deve abordar as famílias de acordo com suas especificidades e o modo singular como se configuram – o progresso familiar pode ser lento, mas a evolução deve ser constante para que a convivência se torne agradável e se crie vínculos cada vez mais fortes.

 

Assista ao filme e faça sua própria análise da trama familiar

O filme As Coisas Impossíveis do Amor (2011) está disponível na Amazon Prime Video. Se possível, assista e pense como você abordaria uma família que se encontra em uma situação parecida com a representada no filme.

Se encontrar dificuldades para fazer uma análise mais aprofundada sobre esses temas, alguns cursos e certificações oferecidas pela Escola de Profissionais da Parentalidade podem contribuir para ampliar seus conhecimentos. Confira logo abaixo.

 

Luto Perinatal: O que todo profissional precisa saber para prestar uma assistência adequada e segura para seus pacientes

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Quando o profissional não se capacita adequadamente para atender essas famílias, existe grandes chances de que ele reproduza falas e orientações gerais baseadas no senso comum, o que pode piorar a experiência para quem vivencia o luto perinatal.

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