A impossibilidade de sair de casa, ir à escola, visitar os amigos, imposta pela quarentena, fez com que as famílias ficassem juntas por mais tempo. Apesar das restrições, o isolamento social pode ser uma oportunidade para estreitar laços e uma boa oportunidade dos pais conversarem mais com seus filhos.
Uma parte importante do desenvolvimento socioemocional e cognitivo das crianças acontece fora das escolas, na convivência familiar, tendo como premissas o diálogo, a confiança e a atenção positiva. Assim, uma vez que os alunos brasileiros estão em casa por um longo período, queremos estimular as conversas que criam conexões entre as crianças, jovens e seus familiares.
Material de apoio
Nem sempre é fácil dialogar com crianças e adolescentes. Alguns pais sentem dificuldade em saber o que perguntar, o que dizer aos filhos. Mas, existem alguns livros que podem ajudar nesse momento, como por exemplo “100 perguntas que vão dar o que falar”.
Na verdade ele é um caderno, elaborado com intuito pedagógico e os questionamentos são segmentados por quatro temas centrais: sentimentos, educação, o lugar da criança no mundo; cultura e esporte. O caderno foi publicado pela primeira vez em 2015 e surgiu a partir dos resultados de uma pesquisa que indicou a dificuldade de aprofundar o vínculo entre pais e filhos. Contudo, é possível manter uma boa comunicação colocando em prática algumas dicas.
Certamente, o ideal é que os pais consultem o material e separe as perguntas que fazem sentido para a realidade das crianças e adolescentes, com os quais pretendem conversar.
A partir de então, o formato para aplicá-las é livre.
Desta forma, as perguntas podem ser feitas através de jogos, com apoio de desenhos e mímicas ou da maneira convencional, olho no olho. O importante é manter a conversa fluindo e garantir o interesse no que eles têm a dizer.
Conversar com um filho adolescente
Ainda que os pais continuem vendo seus filhos com muita ternura, não devem tratá-los como se ainda fossem crianças. Em geral, os adolescentes detestam os tipos de expressões carinhosas, porque não os fazem se sentir valorizados nem respeitados como pessoas.
O ideal é conversar com um filho adolescente sem usar gestos infantis e ficar lembrando a toda hora como ele era bonitinho quando pequeno.
Além disso, para manter um bom diálogo com eles, os pais devem ser o mais proativos possível, tratando de assuntos que sejam de seu interesses. Inclusive quando não há concordância com o que ele diz, evite emitir juízos duros em voz alta. Em vez disso, sejam neutros sobre qualquer tema e não desvalorize a opinião do jovem. Esta é uma forma de ele não se afastar dos pais.
A escuta
Antes de tentar aconselhar um filho, os pais devem ter a certeza de ter escutado tudo o que ele tinha a dizer, sem emitir nenhum tipo de juízo. E, muito menos ter tirado sarro da situação. É essencial um pai saber ouvir o filho, dar atenção ao que ele fala.
Por isso, considere cuidadosamente o que ele falar e sugira que juntos encontrarão uma maneira produtiva e positiva para poder resolver a situação. Ainda mais em tempos de Pandemia, os filhos também se sentem inseguros, entediados, ansiosos e a escuta poderá ajudar muito. Ele poderá expor seus sentimentos sem medo de ser menosprezado. Ou seja, é fundamental os pais conversarem mais com seus filhos.
Portanto, construir histórias, ouvir com atenção e estabelecer um diálogo entre pais e filhos é algo muito importante para a formação social e emocional. O problema é que, com a falta de tempo ou o excesso de consumo tecnológico, muitos pais deixaram de lado este hábito fundamental. Ou, por vezes, a conversa passa a se tornar um monólogo, devido à falta de interesse do ouvinte.
Então, que tal aproveitar mais esse período em família para conversarem mais?