Veja abaixo sobre os princípios básicos da parentalidade e descubra as melhores formas de trabalhar com famílias.
As famílias modernas vs. as famílias tradicionais
Antes do século XXI, prevalecia o modelo de família tradicional, a qual centralizava-se na autoridade paterna e na predefinição dos papéis sociais e domésticos, estes sendo desempenhados exclusivamente pela mulher.
No entanto, os tempos mudaram e essa configuração foi substituída pelo conceito de família moderna, com uma estrutura pautada pela independência e flexibilidade.
Como característica principal, as famílias modernas respeitam a particularidade de cada um de seus integrantes e distribui as responsabilidades entre si de forma justa e igualitária.
Além disso, este modelo familiar preza pelos laços afetivos, colocando o vínculo biológico em segundo plano, o que compreende melhor a adoção e a formação de famílias homoafetivas.
No Brasil, por exemplo, foram registrados mais de 73 mil casamentos homoafetivos no período entre 2011 e 20201, número que tende a aumentar cada vez mais.
A parentalidade como um conceito do século XXI
Dito isso, o conceito de parentalidade ganhou muito espaço e tem sido utilizado cada vez mais para se referir ao empenho dos responsáveis pelo cuidado de uma ou mais crianças.
No entanto, é importante destacar que em cada modelo de construção familiar a parentalidade se desenvolve de uma maneira diferente, sendo o único ponto em comum a preocupação com o desenvolvimento pleno da criança.
Nesse sentido, a parentalidade também inclui: adolescentes que ainda não são adultos, mas que já começaram a desenvolver sua maternidade ou paternidade, avós, tios e outros envolvidos que constituem uma entidade familiar.
Portanto, exercer a parentalidade não significa ser responsável apenas pelo acompanhamento físico ou nutricional de uma criança, visto que o cuidado infantil também requer grande atenção ao amadurecimento psíquico e social.
Os profissionais da parentalidade
O fato é que cuidar de uma criança não é fácil, por isso é preciso contar com uma rede de apoio à parentalidade. Essa é uma forma de garantir a saúde mental e o bem-estar da família como um todo, independente da sua conjuntura ou contexto social – embora sua realidade deva ser considerada para uma melhor compreensão e abordagem durante o atendimento.
Sendo assim, os profissionais da parentalidade são aqueles encarregados por auxiliar qualquer responsável pelo desenvolvimento de uma criança. Alguns exemplos são: psicólogos, doulas, consultores da amamentação e do sono, médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais, educadores, enfermeiros, instrutores de yoga ou pilates para gestantes, entre muitos outros profissionais que atuam direta ou indiretamente no atendimento a famílias.
Nesse sentido, todo profissional da parentalidade deve estar atento às necessidades especificas de seu público, de acordo com o possível a ser realizado na sua área de atuação, além de agir eticamente e sempre buscar o conhecimento adequado, principalmente sobre as questões relacionadas à maternidade e à paternidade.
Maternidade e paternidade
Em uma definição enciclopédica, a maternidade é “o laço que liga a mãe aos filhos”2. Note que a citação não faz referência a um laço específico, abrindo espaço para a compreensão de que toda maternidade é singular e que cada mãe tem suas próprias maneiras de ser.
Quanto à definição de paternidade, o dicionário destaca apenas a “relação jurídica entre pais e filhos”3, o que mostra como o patriarcado ainda é fortemente imposto à sociedade, influenciando a figura do pai.
No entanto, o profissional da parentalidade é responsável por orientar seu público a encontrar formas de lidar com essas idealizações, expectativas e papéis préconcebidos pela sociedade, bem como incentivar o desenvolvimento crítico em prol das construções pessoais relativas à maternidade e à paternidade.
Avosidade
Quando o assunto é parentalidade, a “avosidade” é outro conceito que vem sendo cada vez mais utilizado e discutido.
Para Thais de Carvalho4, a avosidade não deve ser pautada pela sociedade, muito menos pela idade cronológica das pessoas, visto que ela se relaciona à estruturação psíquica do sujeito, que se dá por processos inconscientes e suas subjetividades.
Ou seja, a avosidade, assim como a paternidade e maternidade, é uma construção individual do sujeito, que também pode sofrer influências geracionais que estão conectadas às experiências de cada um.
Nesse sentido, uma pessoa desenvolve a paternidade a partir da sua experiência como filho, depois aprende a ser avô pela lembrança de si mesmo como neto, e assim por diante.
Cabe ao profissional da parentalidade compreender as vivências de seu público e como elas podem ser utilizadas para a evolução pessoal e progresso no desempenho das funções parentais.
O público da parentalidade
Dessa forma, o público da parentalidade é composto majoritariamente por pais, mães e avós, mas não só – irmãos, tios e primos também estão incluídos no atendimento à parentalidade.
De modo geral, são públicos da parentalidade aquelas famílias que querem melhorar sua interação e desenvolver novas estratégias de relacionamento e convivência.
Além das figuras familiares de maior peso, existem outras que também podem se beneficiar do atendimento à parentalidade, pois fazem parte do núcleo familiar, mesmo que em menor nível, sendo estes: cunhados, namorados, noras, etc.
Mitos sobre os profissionais da parentalidade
“Todo profissional da parentalidade é um psicólogo”
Os psicólogos não são os únicos responsáveis por cuidar das questões parentais, pois existem muitos outros profissionais que atuam direta ou indiretamente com famílias. Dessa forma, o atendimento pode ser multiprofissional, o que permite uma visão mais ampliada, facilitando a solução de problemas e o acolhimento daqueles que procuram por ajuda especializada.
“O profissional da parentalidade só atende as mães, gestantes e puérperas”
Como dito acima, todos os membros de uma família podem se beneficiar do apoio à parentalidade, mesmo que o foco esteja sobre os responsáveis diretos pela criança. Em todo caso, o importante é sempre colocar o bem-estar da criança como prioridade no atendimento, considerando as nuances gerais do relacionamento familiar.
“Para atuar com parentalidade é preciso fazer uma pós-graduação na área”
A educação formal não é necessária para atuar com famílias sobre suas questões parentais.
Uma pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), só é viável se o seu objetivo é seguir carreira acadêmica. Por outro lado, uma pós-graduação lato sensu (especialização) pode ser interessante para ampliar seu conhecimento teórico na área.
No entanto, é possível estudar por conta própria e atuar como profissional da parentalidade, mas lembre-se de nunca oferecer serviços que você ainda não está habilitado a realizar.
Em função dessa necessidade, a Escola de Profissionais da Parentalidade oferece cursos de capacitação e certificações reconhecidas para impulsionar a sua atuação na área da parentalidade, além de fornecer todo o conhecimento de que você precisa para se tornar um bom profissional. Confira abaixo.
Curso de Iniciação à Perinatalidade
Para te ajudar a seguir todos esses passos, a Escola de Profissionais da Parentalidade oferece o curso de Iniciação à Perinatalidade, no qual você aprenderá mais sobre a gestação, o parto e o pós-parto para atuar com o público de gestantes, mães e puérperas.
Saiba mais sobre o curso clicando aqui.
Certificação Profissional da Parentalidade
A Escola de Profissionais da Parentalidade oferece uma série de certificações em diferentes níveis de profissionalização (Fundamental, Intermediária e Avançada).
Seja você psicólogo ou profissional de áreas correlativas, aprofunde seus conhecimentos e certifique-se como um profissional da parentalidade.
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Curso de Extensão na Parentalidade
Se interessou pelo assunto e quer se aprofundar ainda mais na área da parentalidade?
Inscreva-se na próxima turma do Curso de Extensão na Parentalidade, indicado para profissionais que desejam atuar com gestantes, mães, pais, avós e famílias.
Nesse curso você se aprofundará no embasamento teórico para atuar profissionalmente com os diferentes públicos da parentalidade, além de compreender melhor como construir sua carreira na área, seja você psicólogo ou não.
Veja mais detalhes clicando aqui.
Curso Pré-natal Psicológico Na Prática
O pré-natal psicológico (PNP) é um conceito que se caracteriza pelo suporte psicoterapêutico, complementar ao pré-natal convencional. Seu objetivo é preparar e apoiar a mulher, de modo informativo e acolhedor, para encarar os desafios do parto, da amamentação e da maternidade.
Em função desse propósito, a Escola de Profissionais da Parentalidade oferece o curso Pré-natal Psicológico na Prática a psicólogos que desejam apoiar gestantes a prevenirem adoecimentos psíquicos através do Modelo Arrais, desenvolvido pela Ph.D. Alessandra Arrais.
Além de elaborar e ministrar o curso, Alessandra Arrais também faz parte da equipe da Escola da Parentalidade.
Consulte mais informações sobre o curso aqui.
Referências
1 – ROSSI, Bruna. Brasil tem mais de 73 mil casamentos homoafetivos registrados desde 2011. Poder 360. Disponível em: <https://www.poder360.com.br/brasil/brasil-tem-mais-de-73-mil-casamentos-homoafetivos-registrados-desde-2011/>. Acesso em: 23 de jun de 2021
2 – Dicionários online de Português. Maternidade. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/maternidade/>. Acesso em: 23 de jun de 2021
3 – Dicionários online de Português. Paternidade. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/paternidade/>. Acesso em: 23 de jun de 2021
4 – CARVALHO, Thaís Araujo de. Avosidades. Portal do envelhecimento e Longeviver. Disponível em: <https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/avosidades-2/>. Acesso em: 23 de jun de 2021