Quando uma mulher espera um bebê, muitas vezes, aguarda ansiosa o momento do parto, planeja tudo, monta o enxoval, o quarto. São tantos detalhes, roupinhas, mala de maternidade, carrinho, entre muitas outras coisas, que parece um sonho. Mas, infelizmente existe uma expectativa x realidade do pós parto, que muitas vezes não é tão falada e mostrada. Por mais que seja uma sonho sendo realizado, o nascimento do bebê, voltar para a casa depois do parto pode ter muitos desafios.
Vivemos em uma sociedade que romantiza a maternidade e, hoje em dia, as redes sociais potencializam isso. No entanto, é preciso reconhecer e entender que não existe um pós-parto perfeito. O que existe é adaptação, conhecimento e muita paciência.
Voltando para a casa
De fato, a rotina com um bebê em casa nunca mais será a mesma. Quem é mãe entende e sabe que um filho exige muitos cuidados e atenção dos pais. Algumas mães podem ter mais facilidade nesse retorno para a casa, já outras podem ter muitas dificuldades.
Os primeiros meses podem ser ainda mais cansativos, por conta da amamentação, que geralmente ocorre a cada 2 ou 3 horas. As horas de sono são poucas, a adaptação do bebê ao novo ambiente exige paciência e acolhimento.
Existe o isolamento dos primeiros dias, o sentimento de insegurança ao ver aquele ser tão indefeso chorar e não saber o motivo certo.Tem também a amamentação que torna-se um grande desafio, já que muitas vezes dói, e ainda tem o corpo que está se recuperando da gestação e do parto.
Sem contar o relacionamento a dois, entre marido e esposa, que pode ficar abalado nesse período. O casamento muitas vezes é deixado de lado e o diálogo também.
Além disso, existem os palpiteiros de plantão, a casa que precisa ser arrumada, a comida que precisa ser feita para toda família, as roupas que devem ser lavadas, os amigos e familiares querendo visitar. Enquanto isso, em meio a tantas coisas para se fazer, o bebê chora, sente fome, tem fraldas para trocar e a vida fica bagunçada.
Por isso, é importante que os pais contem com uma rede de apoio nesse momento, seja de amigos ou familiares ou ainda de profissionais que os auxiliarão nessa adaptação. Se existe a possibilidade de alguém ajudar cozinhando, lavando as roupas, isso fará toda diferença nessa volta para a casa.
Entendendo o puerpério
Todas as mães passam por esse período tão conturbado. Claro que algumas com mais intensidade do que outras, mas esse período faz parte do pós parto. O puerpério é um período necessário, passageiro, mas com certeza transformador para todas.
Desta forma, ele acaba sendo uma fase de reconhecimento e desconstrução para a mãe.
Tanto ela, quanto o bebê vão se reconhecer, entender um ao outro, ensinar. Afinal, o bebê não sabe nada deste mundo novo. E nem a mãe sabe tudo sobre aquele bebê que está em seus braços. É um momento extremamente necessário para que mãe e bebê se reconheçam e encontrem seu caminho.
Ao mesmo tempo que a mãe vive esse momento de reconhecimento, existe também o Luto. Ela está assumindo novas responsabilidades.
As oscilações de humor podem ocorrer com mais frequência nessa fase, inclusive a vontade de chorar.
Não me sinto feliz como deveria
O nascimento de um filho é um momento único na vida de um casal e deve sim ser comemorado. É o milagre da vida!
Mas, precisamos entender que existem momentos em que nem tudo estará bem, as mães terão dias ruins e se sentirão mal. Tudo isso é absolutamente normal!
A bagunça hormonal ajuda a desencadear emoções conflitantes. Ao mesmo tempo em que ama demais o bebê, ela quer ficar um tempo sozinha, mas se sente mal por desejar ficar só. É uma loucura!
Essa turbulência emocional é o que caracteriza o baby blues, marcado por melancolia, tristeza e choro, mas que passa quando os hormônios voltam a ficar controlados. E, se persistir, acompanhado de sentimentos incapacitantes, pensamentos negativos ou apatia, pode sugerir um quadro de depressão pós-parto, que precisa de tratamento.
Por isso, em um momento tão delicado como o puerpério, o ideal é que a mulher fique mais quieta, dedicando-se à construção da sua relação com o filho. Esse isolamento tem seu lado bom, mas para algumas pode ser negativo.
Sem dúvidas, o apoio do companheiro e da família ajudam muito nesse processo, inclusive no reconhecimento de que ela possa desenvolver uma depressão.
Mas, eu me preparei!
Certamente é fundamental buscar conhecimento para a chegada de um filho. Tudo é muito válido desde leituras, documentários, estudos, artigos, pesquisas e consultorias.
Mas, quando o bebê chega, a realidade pode ser bem diferente do que a estudada e aprendida. Claro que os estudos ajudam e orientam muito os pais, mas o aprendizado será realmente na prática, no dia a dia, superando os desafios da realidade do pós parto.
Talvez o grande problema é que nós mulheres fomos inseridas numa cultura de que a mulher dá conta de tudo e a maternidade sempre foi romantizada. Isso acaba prejudicando, pois existe uma pressão enorme para que a mulher seja perfeita e saiba resolver tudo sobre o filho. Mas, eles não possuem bula!
Mesmo se preparando, buscando conhecimento, muitas coisas vão sair do controle, não vão condizer com o que o livro disse e muito menos com o que a consultoria mostrou. Talvez esse seja o “encanto” da maternidade, pois será no dia a dia que pais e filhos irão descobrir juntos como a rotina funciona e como as coisas devem ser.
Os estudos podem dar a base, mas a fórmula que fará funcionar será criada em cada família, com muita paciência e amor. Cada filho é único, com necessidades distintas e o que funciona pra um pode não dar certo para o outro.
É, sem dúvida um grande desafio ir aprendendo durante o processo, ir descobrindo através de sinais, gestos e reações. Mas, com certeza, através do amor, respeito e paciência, a relação entre mãe/pai e filho vão se fortalecendo e tudo se torna mais fácil.
Conte com ajuda profissional
Desmistificamos um pouco que o pós parto é um momento apenas lindo na vida de uma mãe, pois de fato não é assim. Certamente, é um período doloroso, cheio de confusões emocionais e hormonais, adaptações e inseguranças. Existe a realidade do pós parto. Terão dias muito bons, alegres, mas outros nem tanto e cheios de lágrimas de medo e dor. No entanto, tudo isso é absolutamente normal para esse momento. Está tudo bem em chorar e ter medo. Está tudo bem em querer dormir, descansar. É completamente aceitável deixar muitas coisas para depois, para poder ficar quietinha na cama. Essa será apenas uma fase desafiadora e cheia de aprendizados. Será o início de um importantíssimo relacionamento.
É importante entender e reconhecer a expectativa x realidade do pós parto também que, se essa fase está muito difícil, causando muito sofrimento, a ajuda profissional pode ser de grande valia.
Procure profissionais da saúde, médicos, psicólogos, consultoras de amamentação para ajudar. Independente de qual seja o “problema”, contar com o apoio de quem entende e tem experiência pode aliviar os medos e as dores. Existem também muitos grupos de apoio às mães, onde há trocas de experiências, rodas de conversas. Tudo isso é muito acolhedor para quem sente dificuldades, têm dúvidas e muitos medos. Saibam mães, vocês não precisam estar sozinhas!