Quando se fala em depressão pós-parto, é quase impossível não pensar na imagem de uma mulher, triste e cansada, cuidando de um bebê. No entanto, isso não quer dizer que os homens estão a salvo. Muito pelo contrário, os homens também sofrem de depressão pós-parto.
A depressão pós-parto (DDP)
A depressão pós-parto é uma condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança que acontece logo após o parto.
A DPP é tipicamente tratada como um problema exclusivo das mulheres e que ocorre, mais comumente, ao longo do primeiro ano de vida do filho, podendo chegar, em algumas regiões, a mais de 20%. Entretanto, os pais também passam por mudanças significativas após o nascimento da criança. Muitas vezes, os sintomas não são relacionado a uma depressão, pois se fala pouco do distúrbios em homens.
Depressão pós-parto em homens
Ao contrário da grande quantidade de estudos publicados sobre os fatores ligados à depressão pós-parto materna, pouco se sabe sobre o desenvolvimento de tais sintomas nos pais. Existem estudos que relatam que ela teria relação com diversos fatores biológicos. Por incrível que pareça, haveria desregulação hormonal nos homens entre os últimos meses da gravidez da parceira e o primeiro ano do período pós-parto. Além disso, estão relacionados também fatores ambientais, como complicações da relação conjugal e dificuldade de formar uma ligação afetiva com o filho.
Sentimento de culpa
Cientistas ingleses descobriram que o sexo masculino costuma expressar sentimentos de culpa por não poder ajudar a parceira durante o parto. No entanto, outra pesquisa, também inglesa, mostrou que os homens que trabalham fora perdem muitas “primeiras vezes” dos filhos. Assim, eles não acompanham a primeira engatinhada, as palavras e isso tira o sentimento de recompensa e instala a tristeza.
Quais são os sintomas da depressão pós-parto?
Tanto em homens, quanto nas mulheres, os sintomas típicos da depressão pós-parto são melancolia intensa e desmotivação diante da vida. Mas, existe também a ausência de forças para lidar com a rotina e muita tristeza, acompanhada de desespero constante, além da:
Perda de interesse ou prazer em atividades diárias.
Vontade de comer mais ou menos do que o habitual.
Dormir muito ou não dormir o suficiente.
Perda de interesse ou prazer em atividades/coisas/pessoas que antes gostava.
Cansaço extremo.
Sentimento de indignação ou culpa.
Pensamento na morte ou suicídio.
Vontade súbita de prejudicar ou fazer mal ao bebê.
Perda ou ganha de peso.
Insônia.
Inquietação e indisposição constante.
Dificuldade de concentração e tomada de decisões.
É preciso atenção
A DPP paterna tem grandes implicações também sobre o bem-estar da criança. Mães e pais com DPP demonstram menos evidências de apego emocional a seus bebês. Eles não se sentem capazes de estimular o seu desenvolvimento. Se ambos os pais experimentam sintomas depressivos durante o período pós-parto, isso pode acarretar um risco ainda maior para o desenvolvimento da criança. Além disso, a DPP, quando persistente, pode favorecer a ocorrência de situações de negligência e abuso infantil.
Portanto, é fundamental que tanto o pai, quanto a mãe contem com apoio de familiares nesse momento da vida. A rede de apoio poderá auxiliar nas atividades de casa, mas também prestando atenção nos sinais de uma possível depressão.
Além disso, a forma com que os serviços de saúde prestam assistência ao início da formação da família e da construção do papel de pai poderá ter grande impacto para melhorar a vida dos indivíduos, famílias e comunidades
Referência:
Pilyoung Kim, MEd, BA and James E. Swain, MD, PhD. Sad Dads: Paternal Depression. Fevereiro de 2007.
Z Darwin, P Galdas, S Hinchliff, E Littlewood , D McMillan, L McGowan, S Gilbody, Born and Bred in Yorkshire (BaBY) equipe. Fathers’ views and experiences of their own mental health during pregnancy and the first postnatal year: a qualitative interview study of men participating in the UK Born and Bred in Yorkshire (BaBY) cohort. Janeiro 2017.