Ninguém pode negar a importância da amamentação nos seis primeiros meses de vida do bebê. Conheça o papel do profissional da parentalidade neste processo e as orientações que podem ser passadas à família para que os benefícios sejam obtidos.
Muito antes do nascimento
É aconselhável que a instrução sobre a amamentação aconteça muito antes do nascimento, nas consultas realizadas com o profissional de obstetrícia, por exemplo. São aproximadamente nove meses para a mulher ser orientada sobre as dúvidas que surgirem, com calma e atenção.
Após o nascimento
É importante instruir as mães sobre as dificuldades que o aleitamento materno pode trazer, especialmente nos primeiros dias. Os profissionais melhor qualificados para essas orientações são o consultor em amamentação, especialmente, além do pediatra e do fonoaudiólogo, pois poderão prestar uma melhor orientação e avaliação sobre a pega do bebê, explicando, por exemplo, que esse encaixe é algo que pode demorar a acontecer com naturalidade, mas que é normal. Seu papel neste período é fundamental para fornecer todo o suporte necessário à família, com paciência e delicadeza.
Outra possibilidade é indicar instituições que ofereçam serviços às lactentes que estão passando por complicações durante a amamentação, como os bancos de leite, por exemplo.
Após os seis meses de vida
A Organização Mundial de Saúde recomenda a amamentação como alimento único do bebê em seus seis primeiros meses de vida. Portanto, as instruções sobre este período é importante, já que são muitos os benefícios obtidos com a prática.
Contudo, com o retorno da mulher ao trabalho, que acontece, geralmente, por volta dos cinco ou seis meses após o parto, a dúvida sobre a continuidade ou não da amamentação toma conta da mulher. Isso somado ao fato da introdução de novos alimentos ao bebê podem gerar grandes angústias na mãe. Nesses casos, o profissional da parentalidade deve ajudar a mãe e sua família a pesquisarem sobre a continuidade da amamentação prolongada e seus benefícios, ajudando-a a elaborar o seu planejamento de retorno ao trabalho com a continuidade da amamentação e também favorecer reflexões que propiciem a tomada de decisão, seja pela amamentação prolongada (como recomendam o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde) ou não. Estas instruções e reflexões podem ser favorecidas bem antes, ainda na gestação, ou logo anteriormente ao retorno da licença maternidade.
Oriente a mulher sobre seus direitos de amamentação, caso ela retorne ao trabalho e queira que o aleitamento continue.
A legislação trabalhista tenta proteger as lactantes, pelo menos, por um breve período em seu retorno ao trabalho. Durante a jornada de trabalho, a empregada mãe tem direito a dois descansos especiais, de meia hora cada um, para amamentar o próprio filho, até que ele complete seis meses. Esse período poderá ser prorrogado, a critério do médico, dependendo das condições de saúde da criança. Os períodos destinados à amamentação devem ser concedidos sem prejuízo do intervalo normal de repouso e alimentação, dentro da jornada, sendo, portanto, computados para todos os efeitos legais, como tempo de serviço.
O papel do profissional da parentalidade
Muitos profissionais da parentalidade não se dão conta da sua importância no aconselhamento e assistência às famílias com relação à amamentação. Contudo, este suporte é essencial porque as maiores dúvidas são relacionadas a esse quesito, especialmente, porque ouvem muitos palpites, crenças e mitos sobre aleitamento.
Deste modo, o papel dos profissionais de saúde é fundamental porque são pessoas que estudaram sobre isso e possuem o poder de desmistificar conceitos populares, esclarecendo o que é verdadeiro e o que deve ser ignorado. A parentalidade precisa estar ao lado da família para atender seus anseios e dúvidas sobre o tema, estabelecendo um compromisso com a saúde física, emocional e social materna e que, certamente, favorecerá o vínculo entre mãe e filho e uma interação afetiva entre eles desde os primeiros minutos após o nascimento.
Portanto, é essencial que o profissional da parentalidade entenda a sua importância no processo de amamentação, além de compreender, mesmo que minimamente sobre esse processo, pois é muito mais do que a transferência de leite do peito da mãe para o organismo do bebê. É o contato físico e visual entre eles, é a dedicação materna num momento de tanta fragilidade emocional, é a superação da dor psíquica da perda de si para o desabrochamento do seu novo eu em seu novo papel social, é a descoberta e reconhecimento do seu bebê, é o processo de entendimento do que é e das necessidades básicas do seu bebê… Isso tudo é favorecido com cooperação mútua e sentimentos de confiança e segurança. O atendimento de qualidade à família e à mulher representa a superação do que às vezes pode ser um grande obstáculo, embora seja um ato natural: a amamentação.