Fazer terapia em um consultório com o psicólogo há alguns anos atrás era algo elitizado. Mas, felizmente, essa realidade vem se transformando para se adaptar a novos tempos de diversificação e geração de novos campos e demandas de trabalho.
No entanto, o futuro da psicologia já está acontecendo e os avanços vem tornando a prática terapêutica mais acessível à população e “empurrado” os psicólogos para fora de suas tradicionais salas. Estamos vivenciando a psicologia em tempos de Pandemia.
Há alguns anos, o profissional psicólogo está avançando para outras áreas. Por exemplo, eles atuam como norteadores de tomada de decisões em organizações, escolas, nos diversos setores dos hospitais. Eles oferecem acesso aos serviços de psicologia à população no geral. Aliás, a população de média e baixa rendas já frequenta consultórios clínicos e é atendida por esse profissional em diferentes especialidades e locais.
O Isolamento e as emoções em tempos de Pandemia
De fato, nos últimos meses, nunca se buscou tanto a terapia como antes. O surgimento da Pandemia Covid-19, trouxe ao mundo sentimentos de medo, pânico, tristeza, solidão entre outros.
Muitos países precisaram aderir ao isolamento social, fazendo as pessoas ficarem em casa por vários dias.
O objetivo é evitar o aumento de contaminação pelo vírus, mas essa ação tem trazido problemas emocionais. Assim, a busca por ajuda psicológico aumentou consideravelmente.
Se você é psicólogo, está preparado para essas mudanças? Já se imaginou sair do consultório ou mesmo atender uma demanda maior de pessoas com diferentes níveis sociais? Consegue atender remotamente?
É preciso se preparar para esses avanços e também à necessidade do momento e se necessário buscar especializações.
Aumento na procura por terapia
O que antes era definido como atendimento clínico ganhou dimensão muito mais ampla na área da psicologia.
Certamente, entre cinco e dez anos atrás, não se percebia transtorno alimentar como uma questão a ser tratada pela psicologia.
As pessoas com problemas de peso buscavam o tratamento com endocrinologistas, nutricionistas ou clínicos gerais. Hoje, consultórios estão cheios de pessoas com transtornos alimentares, de ansiedade causado pelo vício da internet, crianças que sofrem bullying, por exemplo.
Na próxima década, a psicologia terá papel essencial no suporte de uma população cada vez mais angustiada. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a depressão será a doença mental mais incapacitante do planeta.
São dados recentes que apontam esse cenários, ainda mais por conta da Pandemia e a exigência de isolamento.
Com a crescente influência da digitalização, tecnologias como a inteligência artificial, a automação da produção, mudanças profundas no mercado de trabalho, a tendência é de aumento da angústia e das inquietações individuais e coletivas.
Sendo assim, em função deste cenário, a tendência é que os psicólogos e psiquiatras fiquem com as agendas cada vez mais cheias. Você está preparado?
Psicologia comunitária
Existem psicólogos que auxiliam comunidades, grupos ou associações a alcançarem os objetivos em comum. Entretanto, mais que ajudar para encarar momentos difíceis, o profissional trabalha com a mudança de cenário e até com a prevenção, como é o caso do bullying ou preconceito.
Existem, por exemplo, comunidades que necessitam de apoio psicológico para moradores que perderam familiares vítimas da violência ou tragédias naturais.
Ainda mais em tempos de Pandemia, muitas comunidades estão necessitando de apoio.
Psicologia hospitalar
Outro campo de atuação da Psicologia é o hospitalar. É onde o profissional atua em clínicas, hospitais e centros de atenção à saúde, tanto realizando atendimento com os pacientes quanto com seus familiares e acompanhantes.
Desta forma, é uma atuação bem importante em quadros súbitos, cirurgias de grandes riscos, doenças prolongadas ou quadros terminais.
Muitos psicólogos dessa área precisam auxiliar nas decisões de doações de órgãos. Mas, também podem atuar em maternidades, dentro das salas de parto, ajudando a cuidar e humanizar o nascimento.
Quais são as tendências?
Atualmente, caminhamos para um atendimento cada vez mais humanizado, especialmente em momentos delicados. É possível que os transtornos psicológicos, como a depressão,TEPT, ansiedade, pânico, se tornem ainda mais frequentes.
Ainda mais durante e após o enfrentamento mundial da pandemia por Covid-19. Por isso, a área da psicologia ganhará ainda mais destaque.
Por isso, a humanização nos atendimentos será cada vez mais necessária. Sabemos que indivíduos que constituem família, possuem amigos, que têm atividades sociais, adoecem menos de depressão. Isso talvez seja um dos motivos que cause a impressão de que as pessoas estão mais doentes nos grandes centros urbanos.
Além de estarem mais estressadas pelos fatores ambientais, elas estão mais solitárias. Existem família que não conversam mais dentro de suas casas.
Sem contar em tempos de Pandemia, onde muitas pessoas estão dentro de suas casas há vários dias, confinadas com a família. São momentos de conflitos, de proximidade excessiva.
Nunca precisamos conviver tanto com com os familiares como nessas semanas. Mas existem também pessoas que moram sozinhas e agora se percebem ainda mais sozinhas e entediadas.
Os sentimentos nessa fase estão mais aflorados, entristecidos por conta das “obrigações” em não poder fazer, não poder sair. Sem contar o medo e as incertezas que a situação traz.
Sendo assim, é preciso falar abertamente sobre a transtornos psicológicos como depressão, Tept, ansiedade e oferecer acolhimento e atendimento humanizado com respeito à vida, levando–se em conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais, psíquicas e emocionais presentes. Está é a Psicologia em tempos de Pandemia.
Impacto da tecnologia
A sobrevivência da psicologia não tende a ser impactada pelas novas tecnologias, em processos em que funções sejam substituídas por máquinas ou softwares sofisticados.
Ao contrário, as inovações tecnológicas tendem a ser úteis como ferramentas para a complementação do trabalho cotidiano de quem atua na área.
Especialmente nesse momento de isolamento social, quando os atendimentos on line são a alternativa possível, para que psicólogos continuem realizando seus acompanhamentos psicoterápicos e de orientação, de dentro de suas casas
Desde o dia 14 de novembro de 2019, os mais de 300 mil profissionais cadastrados no site do Conselho Federal de Psicologia (CFP) foram autorizados a usar plataformas virtuais como Skype, WhatsApp e Hangouts para atender seus pacientes. É a Psicologia em tempos de Pandemia.
Desta forma, não há restrição de assunto ou limite de tempo e sessões. Certamente esse número aumentou exponencialmente, agora em tempos de pandemia, com a maior oferta de serviços on line.
Um novo espaço de comunicação
A iniciativa, questionada por alguns profissionais, amplia o acesso da população a tratamentos, inclusive para moradores de cidades de pequeno porte ou lugares afastados. Além de profissionais com a vida agitada das grandes metrópoles, como citamos.
Por isso, mais do que vantagens, existem facilidades com essa medida.
É possível receber atendimento mesmo em viagens, morando longe ou na correria do dia a dia, ou em situações de isolamento social, como a que estamos vivendo.
Segundo Pierre Levy, sociólogo e pesquisador em ciência da informação e da comunicação: “estamos vivendo a abertura de um novo espaço de comunicação, e cabe apenas a nós explorar as potencialidades mais positivas deste espaço nos planos econômico, político, cultural e humano”.
Portanto, é possível ter amparo psicológico através dos celulares, pois existem aplicativos de celulares que auxiliam tratamentos.
Já foram criados apps para pacientes registrar emoções e controlar a ansiedade, tanto para psicólogos poder pedir auxílio em diagnósticos, entre outros.
As ponderações sobre o divã digital em tempos de Pandemia
Apesar de ter muitas vantagens em fazer terapia online, é preciso que o psicólogo tenha muita cautela e atenção com os pacientes. São os cuidados da Psicologia em tempos de Pandemia.
Sendo assim, caso o atendimento seja por chats ou trocas de mensagens, “perde-se a entonação da voz com que o paciente se expressa”.
E, muitas vezes não é possível acompanhar os gestos pessoais, que acabam passando muitas informações. Além disso, os erros de ortografia e ambiguidades podem motivar divergências de sentido, nas mensagens.
No entanto, é preciso muito cuidado e feeling em todas as sessões virtuais, pois a tecnologia aproxima e permite a comunicação. Cabe ao terapeuta ter cuidado e responsabilidade durante o atendimento.