Impactos Psicológicos da Pandemia em Gestantes e Mães de bebês

Escola da Parentalidade

O mundo inteiro vive um cenário muito atípico para a atual geração. A Pandemia do Covid-19 chegou no início deste ano no Brasil causando desastres emocionais nas pessoas, por conta das perdas de vidas e o grande risco de contaminação. Os temores de Gestantes e Puérperas na Pandemia aumentaram bastante!

Para as futuras mamães e as que estão com bebês recém-nascidos este também é um momento bastante delicado.
Não poder amamentar o filho ou transmitir o Covid-19 para o bebê ainda no útero estão entre os maiores temores de Gestantes e Puérperas na Pandemia com bebês de até 60 dias. Para entender melhor o que sente e pensa essas mães, a Escola de Profissionais da Parentalidade – EPP realizou uma pesquisa com a participação de 1.050 brasileiras.

A pesquisa com Gestantes

Durante os dias 20 e 27 de abril de 2020, a EPP realizou a pesquisa por meio de questionário virtual com 710 Gestantes e 340 Puérperas, das cinco regiões do Brasil. Sendo assim, os resultados revelaram medos e preocupações realistas frente ao cenário pandêmico em que estamos enfrentando. No entanto, alguns dados demonstram fantasias, crenças que não têm respaldo na realidade.

Dentre os principais temores das Gestantes estudadas, estão o medo de ter a Covid-19 e ser internada em uma UTI, sendo 88% das respostas. Além disso, 86% teme o bebê precisar de UTI neonatal e 77% delas em ter a Covid-19 e perder o bebê. Existe também o medo da transmissão do coronavírus para o feto, ainda no útero, que atinge 73% das Gestantes. E, 66% disseram temer que o bebê adquira uma má-formação em caso a mãe teste positivo para COVID-19. Isso mostra que, além do medo de se contaminar, as mães sentem o medo da contaminação dos filhos dentro do útero.

Certamente, a mulher que espera um bebê neste período de Pandemia está muito mais temerosa. Por conta disso, o medo de ser contaminada pelo coronavírus e desenvolver o coronavírus têm se tornado a principal preocupação da futuras mamães. Esse medo acaba se potencializando durante a gestação.

Preocupações imaginárias

Existem medos reais, que fazem sentido e a ciência pode comprovar. Mas, durante a pesquisa, alguns dados chamou a atenção das pesquisadoras da EPP.  Houve altos índices de preocupações relacionadas à transmissão vertical. É quando a mãe transmite o vírus para o bebê e ele pode adquirir uma má-formação por causa da doença.
Esse é um medo bastante relevante na pesquisa, mas até o momento a ciência não comprova nada a respeito. Esse tipo de preocupação é infundada, pois não tem respaldo na realidade.Isso porque não há relatos e estudos que apontam esse tipo de caso nos bebês, mesmo entre as Gestantes que testaram positivo para o coronavírus.


No entanto, quando essas Gestante pensam no trabalho de parto e no parto, 75% continuam a se sentirem preocupadas com a possibilidade de serem infectadas. E, 78% se preocupam em seus bebês serem contaminados durante o nascimento com o coronavírus. Esses temores têm respaldo científico, na realidade, mas também nos estudos apresentados até o momento. 

Acompanhante na sala de parto

Por conta da Pandemia, existem várias restrições nos ambientes hospitalares obstétricos impostas desde a implementação do isolamento social. O objetivo é evitar qualquer tipo de aglomerações de pessoas, inclusive médicos, pacientes, visitantes. Mas, o direito ao acompanhante ainda é mantido por lei, (Lei Federal 11.108/2005) que não foi revogada até o momento. E, por incrível que pareça, não poder ter acompanhante na sala de parto é o medo de 79% das gestantes. Além disso, essa mesma preocupação aparece em 1º lugar no pós-parto.
É importante entender que, durantes as consultas médicas e a internação, tudo precisa ser esclarecido e dialogado, principalmente sobre esse direito.

Pós parto e Amamentação

Este é um momento tão sonhado para as mães. Elas passam meses se planejando, organizando e cuidando de cada detalhe. Sempre existiu preocupações em relação ao pós parto e a amamentação, mas eram diferentes das atuais. Muitas gestantes tinham medo de não conseguir amamentar, sentir dor, das adaptações do bebê. Mas, agora a quantidade de preocupações aumentou, somando as inseguranças do Covid-19. A pesquisa apontou algumas bastante relevantes, principalmente em relação a amamentação.

No pós-parto imediato e tardio, 69% das Gestantes se preocupam em não poder amamentar seus bebês ao seio por causa da apresentação de sintomas ou diagnóstico de contaminação.  Mas, 64% também se preocupam em não poder amamentar mesmo que não tenham sintomas.
São medos comuns, mas ainda não existem estudos comprovando a transmissão pelo leite.

Principais temores das Puérperas

O Puerpério já é um momento tão desafiador para as mães e durante a Pandemia todos os medos dobraram de dimensão. Chegar em casa com um bebê recém nascido, cheia de inseguranças e dores tem deixado o emocional de muitas mães abalado.
A maior preocupação das Puérperas é não poder levar o bebê ao hospital, em caso de alguma emergência. Desta forma, 80% responderam que temem sair com filho em busca de ajuda médica, seja pelo risco de contaminação ou pela falta de vagas nos hospitais.

O risco do bebê ser contaminado por alguém que esteja infectado pelo coronavírus aparece em 2º lugar, com 73% das respostas, e vai ao encontro das principais preocupações das Gestantes. Além disso, 58% das Puérperas também sentem medo de não poder amamentar seus bebês, por conta da contaminação. Sem dúvidas, é uma fase turbulenta, mas é fundamental contar com o apoio dos médicos que acompanharam a gestação e o bebê. Além da família, que dará um auxílio nos dias mais difíceis.

Sintomas de Covid-19

A apresentação dos sintomas de Covid-19 é um dos maiores temores de Gestantes e Puérperas e da população mundial. Não seria diferente para as Mães. Portanto, na pesquisa, quase a totalidade das mulheres disse não ter sentido mudanças físicas, sendo 91,9%.
Mas, 7,4% delas sentiram alguns sintomas e apenas 0,67% sentiram sintomas fortes. Em relação a testagem por exames,  97,9% das participantes não fizeram o teste de coronavírus. Entre as mulheres que fizeram, 1,53% testaram negativo e 0,57% tiveram resultado positivo.
Qualquer indício de sintomas como febre, dor de garganta, coriza, dor no corpo, vômitos ou diarréia, é essencial procurar orientação médica. Todos os municípios brasileiros têm disponíveis Unidades Básicas de Saúde – UBS prontas para atendimento presencial e por telefone.

Os Sentimentos

Apesar do assunto predominante ter sido Medo, a EPP também procurou entender os sentimentos das Puérperas. Mesmo em um momento inseguro, 54,34% das mães se disseram otimistas e 41,46% se mostraram preocupadas. No contexto da preocupação, a ansiedade é um sentimento recorrente para 37,94% das participantes e 22,12% se consideram estressadas. 
Tanto o estresse, quanto a Ansiedade influenciam inclusive na alimentação dessas puérperas e 21,45% afirmaram que houve mudanças na forma de comer e 18,97% tiveram alteração no sono. A falha na concentração foi apontada por 12,87%, a tristeza por 12,77% e apenas 7,05% disseram estar tranquilas. O sono não mudou para 6,96% e 5,05% não alteraram a alimentação. Portanto, apesar de todos temores de Gestantes e Puérperas, é preciso estar sempre atento à alimentação, sono, ansiedade também.

Orientações dos Órgãos de Saúde

Mesmo com todos os medos, sentimentos de insegurança, estresse e ansiedade é importante se manter informado. Buscar informações em sites ou publicações oficiais é a melhor forma, pois são fontes seguras.
O Ministério da Saúde, por exemplo, incluiu todas as Gestantes e Mães de bebês de até 60 dias no grupo de risco para a Covid-19. 

Mas, é importante entender que, até o momento, as pesquisas não apontam para a presença de coronavírus no leite materno ou no líquido amniótico. Está foi uma medida de segurança.
Também não existe nenhum estudo que comprove contaminação através do sangue do cordão umbilical ou em secreções vaginais. Por isso, o diálogo com profissionais da saúde é muito importante. De fato, eles irão esclarecer todas as dúvidas e inseguranças em relação à gestação, ao parto e pós parto.


Existe a orientação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), para que as mães continuem estimulando a amamentação ao seio. Certamente que,  com os devidos cuidados, especialmente o uso de máscara durante a amamentação, se ela estiver contaminada e/ou sintomática. O ideal é sempre conversar com o pediatra do bebê em caso de dúvidas e falar sobre os maiores temores de Gestantes e Puérperas sentem.

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